quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

tecnico em saude bucal, auxiliar de saude bucal

O vice-presidente do CFO, Ailton Rodrigues, comemorou a aprovação pelo Senado, da regulamentação das duas profissões auxiliares. Projeto agora aguarda sanção presidencial.

Voto do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) favorável à regulamentação do exercício das profissões de Técnico em Saúde Bucal (TSB) e de Auxiliar em Saúde Bucal (ASB) foi acolhido nesta quarta-feira (22)de dezembro de 2008 pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A matéria, que já foi aprovada na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, define também as atribuições, as competências e os critérios de capacitação das duas profissões.

Odontologia presente

Para o vice-presidente do CFO, Ailton Diogo Rodrigues, a aprovação “é um grande passo, de uma luta que se arrasta há mais de 10 anos e que deve muito a Filomena Barros, uma batalhadora da causa”. Além da técnica em higiene dental e presidente da Associação dos Auxiliares e Técnicos em Odontologia do DF (AATO-DF), estiveram presentes à audiência do Senado a cirurgiã-dentista Érica da Silva Carvalho, da secretaria de Saúde do Trabalhador e Condições de Trabalho do Sindicato dos Odontologistas do Distrito Federal (SODF); Maria de Fátima Veloso, vice-presidente da ANATO-GO; Iraci Helena de Oliveira, da AATO-GO, e Maria José Miranda, do Sesc-DF.

A proposta

Pela proposta (PLC 3/07), só poderão exercer as duas profissões os portadores de diplomas ou certificados que atendam às normas do Conselho Federal de Educação. De acordo com o texto, o técnico em saúde bucal – que, pela nomenclatura da legislação odontológica atual, corresponde ao THD, técnico em higiene dental - é o profissional qualificado em nível médio que, sob supervisão direta ou indireta do cirurgião-dentista, executa ações de saúde bucal. Já o auxiliar em saúde bucal – o correspondente ao ACD, auxiliar de consultório dentário - é o profissional de nível médio que, sob a supervisão direta ou indireta do cirurgião-dentista ou do técnico em saúde bucal, executa as tarefas auxiliares no tratamento da saúde bucal.

Com base nas atribuições definidas, o Técnico em Saúde Bucal poderá ensinar técnicas de higiene bucal e realizar a prevenção de doenças bucais por meio da aplicação tópica do flúor, conforme orientações do cirurgião-dentista. Poderá ainda supervisionar o trabalho dos auxiliares em saúde bucal e proceder à limpeza e à anti-sepsia do campo operatório, antes e após atos cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares. Também poderá exercer as competências no âmbito hospitalar, bem como instrumentar o cirurgião-dentista em ambientes clínicos e hospitalares.

Já o auxiliar em saúde bucal poderá, entre várias ações, organizar e executar as atividades de higiene bucal; processar filme radiológico; preparar o paciente para atendimento; preparar modelos em gesso e executar limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental, equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho.

Supervisão do CD

Ambas as categorias profissionais não poderão exercer suas atividades de forma autônoma ou prestar assistência, direta ou indiretamente, a paciente sem a supervisão do cirurgião-dentista e, no caso ainda do auxiliar, a supervisão também do Técnico em Saúde Bucal. Eles não poderão fazer igualmente propaganda de seus serviços, mesmo em revistas, jornais e folhetos especializados da área odontológica.

O projeto ainda prevê punição para os cirurgiões-dentistas que permitirem que técnicos e auxiliares em saúde bucal sob sua supervisão e responsabilidade extrapolem suas funções específicas. Nesse caso, o cirurgião responderá pelo erro perante os Conselhos Regionais de Odontologia, conforme a legislação em vigor.

Apesar de terem votado favoravelmente ao projeto, os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Antonio Carlos Junior (DEM-BA) manifestaram-se contrários ao exame, pelo Senado, de propostas relacionadas à regulamentação de profissões. Eles alegaram que o assunto deveria ser tratado internamente pelos ministérios.

O projeto será analisado agora pelo Plenário do Senado.

Com informações da Agência Senado/Valéria Castanho

ODONTOLOGIA DO TRABALHO

ODONTOLOGIA DO TRABALHO


A Odontologia tem se preocupado com pesquisas e normalizações, de forma dispersa e insuficiente; embora o interesse odontológico nessa área não seja pequeno, abrangendo certas doenças profissionais.

É importante não só fazer o levantamento dos problemas bucais que podem afetar diretamente os trabalhadores, analisando concretamente a epidemiologia e patologia desses problemas, como também estudar o impacto que possam ocasionar em suas qualidades de vida, trazendo à tona novos elementos de análise da causalidade das doenças e dos porquês da sua maior ocorrência e manutenção em determinados segmentos da sociedade.

É necessário, também, considerar ainda o desconhecimento da problemática da saúde bucal por parte dos trabalhadores, falta de interesse e conhecimentos dos profissionais de saúde no que se refere ao estudo e interpretação correta dos problemas de saúde bucal que afetam aos trabalhadores, além da necessidade de uma política de saúde do trabalhador firme e eficaz.

Este artigo que trata sobre o panorama da Odontologia no Brasil, principalmente no âmbito da Odontologia do Trabalho, é parte integrante de uma monografia realizada pela Alpha Monografia de Odontologia.

Atualmente, a prática relacionada à saúde bucal do trabalhador está inserida apenas a exames admissionais,, processados por odontologia de grupos ou empresariais, que vendem certo trabalho por preço anteriormente estipulado de acordo com determinados padrões encomendados pelos empregadores.

Devemos levar em conta também que na última década, o Brasil conseguiu uma expressiva redução nos níveis de cárie dentária na população infantil, cerca de 54 % na faixa etária de 12 anos, segundo levantamento epidemiológico realizado pelo Ministério da Saúde em escolares no ano de 1996. Essa conquista frente ao principal problema de saúde bucal resulta de uma combinação de fatores como a ampliação da fluoretação da água de abastecimento público (quase metade da população recebe água fluoretada), a inclusão de flúor na maioria dos dentifrícios comercializados no país, e a descentralização do sistema de saúde, com os estados e municípios assumindo papel central na definição dos programas, com participação comunitária, intensificando as ações preventivas e educativas com ênfase para o auto cuidado e o uso “inteligente” do açúcar.

Durante muitas décadas, a atenção à saúde bucal caracterizou-se por prestar assistência aos escolares através dos programas voltados para a cárie e a doença periodontal, enquanto que os outros grupos populacionais acessavam os serviços para o atendimento a situações de urgência odontológicas. Tal modelo sempre foi muito criticado, em virtude de sua cobertura exígua e por centrar-se em ações curativas.

Cabe ressaltar que apesar do país contar com cerca de 160.000 cirurgiões dentistas, existe uma má distribuição destes pelo território nacional em detrimento de elevados índices de doenças bucais, constituindo a universalização dos cuidados odontológicos.

Neste sentido, deve-se considerar o importante papel do Programa de Saúde da Família do Ministério da Saúde, o qual é uma estratégia para a reorganização da Atenção Básica que busca a vigilância à saúde por meio de um conjunto de ações individuais e coletivas, situadas no primeiro nível de atenção, voltadas para a promoção, prevenção e tratamento dos agravos à saúde e considerando-se a saúde bucal como um dos componentes da saúde em sua expressão mais ampla – enquanto qualidade de vida – a incorporação de ações de saúde bucal no referido programa adquire maior importância na busca de mecanismos que ampliem o acesso da população a essas ações, e viabilizem a melhoria do quadro epidemiológico no Brasil.

A Odontologia, nas últimas décadas, tornou-se mais eficiente, de melhor qualidade e com técnicas mais sofisticadas, buscando resolver os problemas de saúde bucal. Mas o modelo de atendimento pouco ou nada mudou, baseando-se em práticas cirúrgico-restauradoras de livre demanda, que são em última análise mutiladoras, não modificando em nada a prevalência das doenças da cavidade bucal. As ações preventivas e de promoção de saúde não faziam parte do universo odontológico até o surgimento dos novos conceitos de prevenção enfatizados na Odontologia Integral, fazendo com que a atenção curativa passasse a dividir espaço com a prevenção.

Durante muito tempo, a Odontologia no Brasil percorreu caminhos que beneficiavam uma minoria que podia pagar por serviços de forma direta, ou aqueles que tivessem acesso ao atendimento previdenciário mediante contribuição. Com o objetivo de reverter a tendência da prática curativa, centrada na doença e não na saúde, a saúde bucal coletiva, atuando dentro dos princípios do SUS de universalização (integralidade e eqüidade), busca modificar o modelo de atendimento, alterando assim o perfil epidemiológico da população e resgatando a saúde bucal como cidadania, num país onde, segundo o IBGE, mais de 20 milhões de pessoas nunca foram ao dentista.

A evolução da Odontologia no Brasil, na sua trajetória educacional e profissional vem sendo marcada por profundas transformações.

Atualmente, a profissão avalia que uma mudança no perfil epidemiológico das doenças bucais, só ocorrerá com a inclusão do trabalho em equipe (cirurgião-dentista, atendente de consultório dentário e técnico em higiene dental) e que tenha como princípio a promoção e a manutenção da saúde geral e bucal. Com este enfoque os Serviços de Atenção à Saúde Bucal que vem sendo implementados gradativamente nos diversos estabelecimentos de saúde, em alguns Estado , tanto no setor público como no setor privado, necessitam o desenvolvimento de programas de qualificação profissional, principalmente para aqueles trabalhadores que não tiveram a oportunidade de profissionalização. Todos estes pontos são de importante cobertura em um projeto de pesquisa focado para uma monografia ou um TCC sobre este tema.

Com o crescimento populacional dos Estados , e um dos fatores contribuintes para este aumento do crescimento vegetativo, é o fato de que as pessoas estão vivendo mais, dado ao avanço dos recursos diagnósticos e assistência à saúde, somados às condições sanitárias.

Em 1999, as faixas etárias acima de 60 anos correspondiam a 60%. Este crescimento na expectativa de vida faz com que a demanda por serviços de saúde bucal seja ampliada e os Serviços de Atenção à Saúde Bucal que tradicionalmente atendiam a população na faixa etária de 6 a 12 anos, deparam-se com a necessidade de: ampliar o acesso, aos jovens, adultos e idosos; reorganizar seu processo de trabalho e incrementar o trabalho em equipe (cirurgião-dentista, técnico em Higiene Dental)

Fonte: alexcalef 07-12-2008 GTM -3 @ 10:31

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Apnéia do Sono Obstrutiva e Ronco e a odontologia

O sono é um fenômeno que ocorre como parte fundamental do ciclo natural da vida, fazendo com que o organismo repouse para as atividades diárias.

A Apnéia do Sono Obstrutiva é definida como a cessação por bloqueio do fluxo de ar, por pelo menos 10 segundos, muitas vezes, produzindo insônia ou excessiva sonolência durante o dia. É um sério e potencial problema de vida.

As características da Apnéia do Sono Obstrutiva incluem:

sono excessivo durante o dia
cefaléia matutina
ronco
atividades motoras excessivas, durante o sono
mudanças pessoais e intelectuais
impotência sexual
hipertensão
policitemia
Existem subtipos de Apnéia do Sono Obstrutiva:
obstrução do espaço aéreo superior
apnéia do sono central
apnéia mista
síndrome de "Pickwick"
síndrome da morte infantil súbita
síndrome restritivo do espaço aéreo superior
A Apnéia do Sono Obstrutiva ocorre geralmente em homens obesos acima dos 40 anos. Acredita-se que atualmente 9% das mulheres e 24% dos homens apresentam critérios diagnósticos mínimos de Apnéia do Sono Obstrutiva.




O ronco é um importante indício para o diagnóstico



Ruído característico com um som faringeo e explosão oro-nasal. É o primeiro sintoma em muitos pacientes e pode ser interrompido por múltiplos períodos de apnéias por noite. Estes episódios podem durar de 10 segundos a 3 minutos, tendo uma duração média entre 20 e 40 segundos. Junto com estes episódios, o paciente apresenta atividades motoras anormais, variando de pequenos movimentos das mãos ou pés a movimentos importantes comprometendo todos os membros.

Caso o paciente seja acordado repentinamente, aparenta confusão e desorientação.Muitas vezes a queixa principal é o sono excessivo durante o dia, sobretudo em situações monótonas, como dirigir carro, reuniões, leitura ou assistindo TV. Mudanças de personalidade compreedem depressão, comportamento irracional e impotência, além de cefaléias matutinas.




O diagnóstico definitivo para confirmar a síndrome é o teste da polissonografia, que consiste em examinar toda uma noite do sono do paciente que incluem avaliação da respiração e função cardíaca, com o uso do oxímetro.

Tratamento da Apnéia do Sono Obstrutiva e do Ronco

Uma vez diagnosticada a apnéia é possível fazer um tratamento clínico, que consiste em emagrecer, não tomar remédios para dormir e também colocar aparelhos protéticos, que reposicionam a língua para a frente. Pode ser ainda utilizado um tubo nas fossas nasais, que mantêm uma pressão de ar positiva CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) que tem uma máscara pequena com a sonda acoplada, fornecendo um fluxo contínuo do ar. Alguns pacientes não suportam usá-lo por ser incômodo.

O tratamento vai depender de:

predominância do tipo de apnéia;
grau de incapacitação;
severidade de sintomas cardiovasculares associados ao sono;
e ligada ao ronco, esta condição provoca falta de oxigenação e sua freqüência pode levar até a um infarto, enquanto a pessoa dorme.

Tratamento Não Cirúrgico

evitar os fatores de risco
farmacoterapia
pressão de ar positiva contínua (CPAP)
aparelhos protéticos/odontológicos.

Outros tratamentos são os cirúrgicos, e neste caso atua-se onde está localizada a obstrução. Há cirurgias também para a língua e o palato (úvulo-palato-faringo-plastia). Em alguns casos devem-se fazer cirurgias ortognáticas, procedimentos mais complexos como avanços de maxila e de mandíbula.

Fonte :clear odontologia

A medicina e a odontologia do sono com saliva artificial e aparelho oral colaboram na desinflamação da mucosa intraoral e fragmentação do sono.

Ar Seco e poluído prejudicam a respiração e a saúde geral das pessoas na mais tenra idade, desde os recém nascidos até os idosos.

As áreas urbanas modernas crescem caoticamente e é comum devastar as áreas verdes, cortar as árvores, e o não reflorestamento urbano ou das áreas rurais, o que aumenta a poluição e diminui drasticamente a umidade do ar, que agrava as alergias respiratórias obstrutivas crônicas nos seres humanos, sem levar em conta o impacto das indústrias e veículos poluentes, queimadas, etc.

O Ar poluído, Seco, frio, causa grande desconforto devido complicações dos Distúrbios Respiratórios Obstrutivos do Sono, respiração Bucal, rinite crônica, sinusites, bruxismo, roncos, voz rouca, Apnéia Obstrutiva do Sono, depressão pela má oxigenação cerebral e sono não reparador, pesadelos com morte devida obstruções respiratórias, taquicardias e hipertensão noturna e sistêmica.

O Ronco é o som causado pela respiração bucal e a vibração do palato mole e úvula, e quem ronca têm a boca seca e despertar para tomar água o que fragmenta o sono.

A Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) é causada por colapsos entre a língua e retrofaringe, palato mole e retrofaringe, obstrução respiratória durante o sono, despertares e sono não reparador. O sintoma principal da apnéia obstrutiva do sono é o Ronco habitual noturno associado com períodos de silêncio, obstrução, e sonolência excessiva diurna. A apnéia do sono se manifesta em todas as faixas etárias em ambos os sexos porém é mais comum em homens.

A SAOS causa dessaturação do oxigênio no sangue devido às hipóxias que é a cessação da respiração durante 10 segundos ou mais, por várias vezes por hora durante o sono. A Apnéia Obstrutiva do Sono ocorre em 0,7% a 4% das crianças e pode causar fragmentação da respiração e do sono e déficit de Atenção e Hiperatividade, perda de qualidade de vida e atenção durante o dia, déficit de hormônios de crescimento, fazer xixi na cama, transpiração noturna dificuldade em controlar a temperatura corporal.

A Energia Vital do ser humano é favorecida pela qualidade da respiração, que oxigena as células e propicia sono reparador e melhor qualidade de vida.

A Odontologia dos Distúrbios Obstrutivos do Sono atua tanto na prevenção precoce preconizados por Dr.Planas (1987) já nos recém nascidos, bebês, que estimula a amamentação natural, ajustes dentais, e aparelhos orais nas crianças, adolescentes que podem expandir os maxilares atrésicos, e Albertini; Reimão (2002) propiciar espaço para alojar e manter a postura da língua, dos espaços vazios destinados a passagem aérea, naso-oro-faringe que colabora diretamente com a respiração fisiológica nasal, Enlow (1993) crescimento e desenvolvimento orofacial.

SALIVA ARTIFICIAL E APARELHO ORAL PARA RONCO APNÉIA DO SONO

A Saliva artificial lubrifica e protege a mucosa bucal é vendida em farmácia e também manipulada, traz grande conforto para os respiradores bucais, roncadores e apnéicos e diminui os despertares noturnos e insônia. Pode ser usada durante o dia e a noite, pois ar condicionado, o ar com baixa umidade e seco “rouba” umidade da mucosa oral durante a respiração bucal, inflama as mucosas e as cordas vocais, o que pode tornar a voz rouca pela sensação da garganta seca e áspera.

Deve ser usada por 4 vezes ao dia, antes de dormir, e se acordar para tomar água e depois usar jatos de saliva artificial, que sozinha ou em conjunto com o aparelho oral amenizará os efeitos da garganta seca.

A Saliva artificial junto ao aparelho oral de Albertini que estimula a respiração nasal durante o sono, e mantêm a musculatura na posição de descanso e lábios vedados, assim como preservando e ampliando os espaços respiratórios e recolocar o aparelho oral devido à má posição lingual.

Albertini; Reimão (2002) O aparelho Oral com estímulo exteroceptivo de Laura, forma uma válvula lingual e estimula o fluxo pela passagem aérea nasofaringe junto aos tratamentos médicos da obstrução nasal.

Pediatras, otorrinolaringologistas, homeopatas, neurologistas, psiquiatras, psicólogos, neuropsicólogos, fonoaudiólogos, educadores, odontopediatras, precisam observar as atresias dos maxilares, respiração bucal e sonolência diurna e suspeitar dos distúrbios obstrutivos do sono, encaminhar ao dentista para ortopedia funcional dos maxilares, evitar extrações e apinhamentos dentais.

Prevenir é indicar precocemente ao dentista do respirador oral e sono, para adequar a língua, a válvula lingual dentro do vazio dos maxilares e se preciso expandi-los, com intuito de melhorar a respiração nasal e preservar a umidade bucal para proteger as mucosas do ar seco. Inflamações crônicas da garganta, amídalas, língua, palato mole, úvula retrofaringe aumenta o volume das mucosas em 30% devido fluido inflamatório.

A intervenção Odontológica vem sendo de grande interesse multidisciplinar aos médicos que tratam pacientes com distúrbios obstrutivos respiratórios do Sono. Os Dispositivos de Albertini, de Planas, Simões, Maurício, podem ser utilizados para prevenção e tratamento do Bruxismo, atresias dos maxilares, respirador bucal, Ronco e Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono.

A telerradiografia norma lateral, antes e depois com traçado de Macnamara mostra e mede as mucosas intraorais como palato mole, língua, e Albertini estimula a postura da ponta lingual relacionando-se com a papila incisiva, preservando o espaço vazio na naso-oro-faringe desinflamando-o apenas com a respiração nasal e umidade oral.

Paciente tratada por Albertini *
Antes: Fig I


Depois Fig.2



Neste caso, paciente BF sexo feminino, 70 anos de idade usou aparelho oral de Albertini com estimulo exteroceptor de Laura que estimula a respiração nasal e desinflamação das mucosas intraorais, saliva artificial para tratamento da cefaléia ligada Articulação temporo mandibular, insônia.

As áreas Obstrutivas e inflamadas:Classificação modificada das VAS, com base na estrutura anatômica. Tipo I (faríngea superior) inclui palato, úvula e tonsilas; tipo II (combinado); tipo III (base de língua, supraglote e hipofaringe. B. Tucker Woodson, MD .

Bibliografia:

Albertini, Reimão.Avanços em Medicina do Sono; Reimão org; edit APM; 349-60; 2001.
Enlow. Crescimento Facial, 3a.ed.; edit. Artes Médicas, 554 págs.;1993.
Planas. Reabilitação Neuroclusal; 2a.ed. edit. MEDSI; 355 págs.;1987.
Simões, Wilma A; Ortopedia Funcional dos maxilares, 3ª ed. Artes Medicas; 2003.
Woodson; in Ronco e Apnéia do Sono org José A.Pinto; cap.7;Reinventer;2000.

Fonte :medcenter Rosana Albertini Rubens Reimão

Apnéia obstrutiva do sono: aparelho ortodôntico específico pode ajudar

Apnéia obstrutiva do sono: aparelho ortodôntico específico pode ajudar

Raramente as pessoas percebem que têm, mas a doença prejudica a qualidade de vida e pode ser responsável por acidentes no trânsito e no trabalho.


De 2 a 4% da população têm apnéia do sono. Entre os hipertensos, o índice pode chegar a 30%, já que a apnéia é fator de risco. O mais comum distúrbio respiratório do sono é ocasionado pela obstrução da faringe, que possui causas diversas, entre as quais a obesidade.

Quando acometido pela doença, o paciente tem a entrada de ar no nível da garganta obstruída diversas vezes durante a noite, por períodos de pelo menos 10 segundos – mas que podem chegar a um minuto –, o que impede que o sono seja saudável e o corpo realmente descanse. Além disso, apresenta sintomas incômodos, tais como o ronco habitual e a sonolência diurna.

"Não é um ronco normal", alerta dr. Geraldo Lorenzi Filho, da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, médico da disciplina de pneumologia do Hospital das Clínicas e diretor do Laboratório do Sono do InCor. "O ronco do paciente que tem apnéia é mais alto e mais irregular", conta, referindo-se a um ronco que ocorre na maior parte dos dias da semana e durante quase toda a noite.

A sonolência provocada pela doença também é relevante. Deve-se à impossibilidade do sono aprofundar-se devido às apnéias e pode ser acompanhada de dificuldades relativas à memória e à concentração. "Este sintoma se revela claramente nas pessoas que sempre dormem e estão sempre querendo dormir ainda mais. Claro que a sonolência pode ter muitas outras causas, mas, se acompanhada de ronco intenso e habitual, são grandes as chances de ser resultado da apnéia", esclarece a dra. Sônia Togeiro, pneumologista, pesquisadora do Instituto do Sono e professora responsável pelo curso de Especialização em Medicina do Sono da UNIFESP.

O exame que diagnostica a doença é a polissonografia – estudo do sono – em que o paciente é analisado pelos especialistas enquanto dorme. Segundo a dra. Sônia, há gravidades diferentes da doença, determinadas em função número de apnéias registradas no exame de polissonografia e da intensidade da sonolência. "Quanto maior o número de apnéias e quanto mais intensa a sonolência provocada, mais grave a apnéia".

Dr. Geraldo explica que, em todas as pessoas, a musculatura relaxa durante o sono, mas apenas nos que possuem fatores específicos isto se traduz em obstrução da passagem de ar. "São várias possibilidades: obesidade, garganta estreita, queixo retraído e outras alterações da anatomia".

A anormalidade do ronco e da sonolência e, em quadros mais adiantados, a perda de memória e dificuldades de concentração são motivos suficientes para a procura de um médico, especialmente em casos de obesidade ou hipertensão arterial (pressão alta).

Há pacientes que sofrem as conseqüências da apnéia durante décadas e não procuram o especialista. "A maior parte das pessoas não percebe que tem a doença, pois acaba habituando-se aos sintomas", afirma dr. Geraldo. "Em geral, somos procurados pelas esposas, que não conseguem conviver com o ronco alto", acrescenta dra. Sonia.

A apnéia pode ser mais grave a ponto de prejudicar seriamente a qualidade de vida do paciente, trazendo incômodos, como dificuldades de memória e concentração, problemas sexuais, tendência a engordar, e ocasionando acidentes de trânsito e trabalho.

Nas versões mais leves, atitudes simples – como perder peso e evitar bebidas alcoólicas e medicamentos para dormir (hipnóticos) – podem resolver o problema definitivamente.

Outra possibilidade, destacada pelo dr. Geraldo, é a utilização de uma prótese que avança a mandíbula do paciente, possibilitando a passagem do ar. Este é um aparelho ortodôntico que, ao avançar a mandíbula, reposiciona a língua, com função semelhante à da prótese. Existem, ainda, as cirurgias, mas costumam ser eficientes somente em crianças.

O tratamento nos casos moderados e graves se baseia em um equipamento chamado CPAP (pressão positiva contínua na via aérea). Trata-se de uma máscara de uso noturno, acoplada a um aparelho de pressão positiva, que gera e envia fluxo de ar, abrindo a faringe e possibilitando a normalização da respiração. A pressão positiva gerada pela CPAP impede que a faringe se feche durante o sono nos pacientes com apnéia, que, com o uso do aparelho, passam a ter um sono normal e reparador.

Fonte: ABN – Agencia Brasileira de Notícias

Distúrbios do sono e odontologia

Segundo estudos médicos, o ronco é um problema que acomete cerca de 45% dos adultos ocasionalmente e 25% dos adultos habitualmente. De fato, o ronco ocorre quando obstruções da via aérea superior (onde o ar passa para chegar aos pulmões) estão presentes, seja em nível de nariz e/ou de orofaringe (a parte da faringe que se comunica com a boca).
O problema é que este problema, aparentemente inofensivo, pode vir a ser um fator de risco para algumas patologias significantes, que vão se agravando progressivamente, à medida do avançar da idade. De acordo com o especialista em Ortopedia Facial e Ortodontia, Gerson Köhler, alguns sintomas podem ser preocupantes. "Hipertensão, isquemia (supressão da circulação sangüínea) cardíaca e AVC (acidentes vasculares cerebrais), são as enfermidades mais comuns derivadas da obstrução respiratória", afirma.
Para todos os casos, a avaliação do grau de severidade de ronco ou de apnéia por obstrução de via aérea superior é realizada através de um exame chamado "polissonografia", efetuado pela medicina otorrinolaringológica e do sono. Este exame, de alta sofisticação, mas acessível também através de planos de saúde, monitora todos os acontecimentos durante uma noite de sono do paciente.
De acordo com a Academia Americana de Medicina do Sono (American Academy of Sleep Medicine), a recomendação é que seja feito uso de aparelhos intrabucais para os casos diagnosticados como de expressão leve, ou moderada, de episódios de ronco e apnéia do sono. Estes aparelhos, podem diminuir em até 50% o índice de ocorrência do número de apnéias noturnas e trazer grande benefício - e bem estar durante o sono - ao paciente.
O uso destes aparelhos intrabucais (as órteses) tem sido objeto de estudo em vários centros médicos voltados às pesquisas de patologias do sono em todo o mundo, mas principalmente nos EUA, e são grandes auxiliadores à esses grandes distúrbios respiratórios do sono, afirma o Professor Gerson Köhler, com convicção. Na atualidade estes distúrbios do sono, que antes eram tratados pelos médicos otorrinolaringologistas e neurologistas (medicina do sono), tem, atualmente, uma valiosa colaboração (através das órteses intrabucais) proporcionada também pela Odontologia e suas especialidades, principalmente aquelas voltadas à integralidade morfológica e funcional do rosto, conclui o especialista.

Fonte :Esteta Beleza e Arte em Odontologia

MTE promove seminário sobre “Indústria Naval e Trabalho Decente” no Rio de Janeiro

MTE promove seminário sobre “Indústria Naval e Trabalho Decente” no Rio de Janeiro


Em conjunto com o Sindicato da Indústria Naval e a Confederação Nacional dos Metalúrgicos, encontro discute o contexto do setor, relações de trabalho e procedimentos de segurança e saúde.

O Ministério do Trabalho e Emprego promoveu no dia o seminário "Indústria Naval: Trabalho Decente", que acontece uno Rio de Janeiro, no Centro de Convenções da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O MTE, em conjunto com o Sindicato Nacional da Construção Reparação Naval e Offshore (Sinaval) e a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) realizam este evento para debater o contexto do setor naval, as relações de trabalho e os procedimentos de segurança e saúde específicos. Além de representantes da pasta, garantiram presença especialistas e autoridades brasileiras e de países do Mercosul.

O seminário serviu para partilhar informações dos avanços do setor, principalmente ocorridos nos grandes estaleiros do Rio de Janeiro. As melhorias - tecnológicas e de cumprimento às leis trabalhistas- são resultado da atuação da Comissão Tripartite da Indústria Naval, criada pelo ministro Carlos Lupi em 30 de janeiro deste ano, por meio da Portaria nº. 64.

O grupo une governo, trabalhadores e empregadores em favor da evolução das relações e das condições de trabalho. Suas atribuições vão desde elaborar diretrizes para a promoção da segurança e saúde como a correta contratação de trabalhadores em curto prazo. Essa é uma atuação da Secretaria de Inspeção do Trabalho, da Secretaria de Relações do Trabalho, da Fundacentro, e dos sindicatos de trabalhadores e empregadores.

Como parte da Comissão, foi estabelecido um Grupo Técnico para elaborar os procedimentos de segurança e saúde específicos da mesma. Dele fazem parte, além dos representantes dos trabalhadores e empregadores, os auditores fiscais do trabalho Luiz Carlos Lumbreiras e Carlos Alberto Saliba, especialistas e doutorados na atividade.

Resultados- No estado do Rio de Janeiro já foi observado o fim do contrato informal e pretende-se levar as evoluções conseguidas às demais regiões do país. "Esse seminário vai ser justamente para mostrar os avanços que a comissão conseguiu. Nossa intenção é harmonizar os procedimentos para que o que está acontecendo de melhor no Rio seja também recebido pela indústria naval de todo o Brasil", afirmou Vera Albuquerque, Coordenadora Nacional de Inspeção do Trabalho Portuário e Aquaviário, do Ministério do Trabalho e Emprego. Para Vera, a idéia é disseminar o comportamento dentro do conceito da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de trabalho decente, ou seja, trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, eqüidade, e segurança, sem quaisquer formas de discriminação.

O engajamento tripartite visa um consenso entre as partes para que o cumprimento às regras estabelecidas seja unânime. "A montagem dessa comissão foi de suma importância para a indústria naval porque nós estamos conseguindo descrever procedimentos de segurança e saúde específicos para o setor", comemora Franco Papini, diretor-executivo do Sinaval. "As práticas estão sendo elaboradas pelos próprios técnicos de segurança dos estaleiros e dos canteiros com as devidas correções e aval dos trabalhadores e, ao final, com a correção e anuência do Ministério do Trabalho e Emprego. Nós estamos realmente montando uma prática de trabalho decente, confirma".

E o que não falta são trabalhadores interessados na questão. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do MTE, em 2007 havia 163.601 trabalhadores na indústria naval. Desses 120.405 realizavam serviços de engenharia e 21.259, construção de embarcações e estruturas flutuantes.

Apesar de a Comissão procurar dar mais segurança jurídica nas relações e aumentar o nível da empregabilidade, existem locais onde a fiscalização observa irregularidades, como em estaleiros do Amazonas, Santa Catarina e Ceará. "Ainda há precarização de mão-de-obra: É gente mexendo com maçarico, com fogo sem camisa; prensa montada no meio do mato e fios ligados a ela expostos ao chão; trabalhador sem equipamento de segurança", relata Edson Carlos Rocha, secretário de saúde, segurança e meio ambiente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos /CUT. "Por isso, é bom nacionalizar o definido na Comissão Tripartite. A gente quer unificar isso para que todo mundo trabalhe direito. Essa atitude (do MTE) foi muito boa e bem vinda para nós trabalhadores. É a solução que vínhamos buscando há muito tempo".

Mercosul - Por conta de métodos de trabalho observados em países vizinhos, autoridades do setor naval do Uruguai e da Argentina foram convidadas para participar do seminário. Eles competem com os estaleiros brasileiros e utilizam procedimentos ultrapassados, por exemplo, o jateamento de areia para retirada de ferrugem de embarcações. Essa técnica é danosa à saúde do trabalhador, e não usada no Brasil, pois pode desenvolver a silicose ao trabalhador que aspirar o pó de sílica, presente na areia. O acúmulo desses sedimentos no pulmão forma cicatrizes no órgão que dificultam a absorção do oxigênio e diminuem sua elasticidade.

Contexto Atual da Indústria Naval no Brasil - A retomada do setor no Brasil está diretamente ligada às descobertas e extração de petróleo em águas profundas, resultando numa necessidade crescente de embarcações e plataformas, com previsão de grande número de encomendas já contratadas até 2015. Os grandes estaleiros do Rio de Janeiro têm se preparado para esses novos contratos, aumentando contratações e treinando trabalhadores, além de adequar seus métodos e equipamentos de trabalho. Outros estaleiros foram instalados em diferentes estados do país, e mesmo assim partes dessas novas embarcações e plataformas serão construídas em países do Mercosul. Painel apresentado por Sérgio Leal, secretário-geral do Sinaval.

“O trabalho da comissão, com participação dos representantes dos trabalhadores, tem o objetivo de realizar uma releitura das normas, muitas delas criadas para o setor de construção civil, que necessitam de atualização para o momento atual da indústria de construção e reparo naval brasileira” disse o vice-presidente Franco Papini, do Sinaval.

Procedimentos elaborados para aprovação.: 01)- Montagem e desmontagem de andaimes | 02)- Emendas de cabos elétricos | 03)- Trabalho a quente | 04)- Trabalhos com esmerilhadeiras | 05)- Segurança nos serviços de pintura | 06)- Transporte e Movimentação de carga.

Procedimentos em elaboração.: 07)- Trabalho em espaço confinado | 08)- Jateamento e hidrojateamento | 09)- Equipamento de proteção individual (EPI) | 10)- Montagens internas nas embarcações | 11)- Caldeiras e Vasos de Pressão | 12)- Trabalho temporário por Obra Certa | 13)- Trabalho aos domingos e feriados.

Coordenadoria da Comissão Tripartite.: Franco Papini – coordenador - vice-presidente Executivo do Sinaval | Hernani Geraldo Pinto – Estaleiro Enavi | Pedro Paulo Ferreira da Silva – Estaleiro Mauá | Suplentes | Jorge Antonio Faria – Sub-coordenador – Assessor da Presidência do Sinaval | Pedro da Silva Filho – Estaleiro Aliança | Marcos Ramos Cabral – Estaleiro STX Brasil Offshore (ex-Aker Promar). | Foto: Ariovaldo Rocha, presidente do Sinaval

Ações do MPT apontam más condições de trabalho em frigoríficos

Procuradores do MT e de SC verificaram irregularidades como subnotificações de acidentes de trabalho e jornadas exaustivas - assim como sintomas como o alto número de doenças funcionais - nos frigoríficos Quatro Marcos e Seara



Duas ações civis públicas protocoladas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) colocaram em evidência as condições problemáticas enfrentadas pelos trabalhadores de pólos importantes de processamento de carnes do país. Procuradores do Mato Grosso e de Santa Catarina verificaram irregularidades como subnotificações de acidentes de trabalho e jornadas exaustivas - assim como sintomas reveladores como o alto número de doenças profissionais - no frigorífico bovino Quatro Marcos e na Seara, indústria de abate de frangos e suínos.

No Mato Grosso, a ação foi ajuizada em 26 de novembro contra o frigorífico Quatro Marcos - um dos maiores do país, com 6 mil funcionários. Também neste ano, o MPT de Criciúma (SC) apresentou ação contra a Seara Alimentos (do grupo Cargill). Em ambos os casos, os procuradores alegam que, em nome da alta produtividade, as empresas têm cometido graves infrações trabalhistas.

"Esse é um setor muito poderoso, que apresentou nos últimos anos elevados lucros com as exportações de carne e frango. O ritmo de trabalho nesses frigoríficos é muito acelerado. Os trabalhadores têm jornadas muito intensas, não tem tempo de ir ao banheiro. São obrigados a fazer determinado número de cortes por minuto. E isso em ambientes muito frios com temperaturas de 10°C ou menos", afirma o procurador Jean Carlo Voltolini, do MPT de Criciúma, autor do processo contra a Seara e que também investiga outros frigoríficos.

Em segundo lugar no ranking das exportações brasileiras em 2006, a venda de carne bovina, de frangos e de suínos alcançou a cifra dos US$ 8,6 bilhões - um aumento de 5,5% em relação a 2005. No ano passado, o setor das indústrias de alimentação e de bebidas chegou à primeira posição nas estatísticas de acidentes de trabalho, com 48.424 casos registrados, de acordo com o Ministério da Previdência Social. Feita a ressalva de que nem todos esses casos dizem respeito aos acidentes ocorridos em frigoríficos, a dado ainda é alarmante.

O número de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho cresce nesse setor, na opinião de Siderlei de Oliveira, presidente da Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação, Agroindústrias, Cooperativas de Cereais e Assalariados Rurais (Contac), porque as empresas elevaram suas metas de produção sem ampliar o número de trabalhadores. "Os trabalhadores estão num ritmo insuportável. A máquina dita o ritmo de trabalho no setor agrícola. O trabalhador faz esforço físico repetitivo, durante 8 horas e em ambiente de baixa temperatura. A combinação disso é uma serie de lesões graves, nos tendões, nos ombros, nos membros superiores".

Representante do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarnes), entidade que reúne as agroindústrias do estado, Ricardo Gouvêa contesta as análises sobre os riscos de acidentes nos frigoríficos. Ele afirma que faltam dados mais precisos sobre os tipos de acidentes e nega que as empresas estão deixando de comunicá-los à Previdência. "São acidentes que comprometem pouco o trabalhador, em geral, cortes de pequena profundidade". Gouvêa diz ainda que as empresas estão se esforçando para alterar essa situação. "Não se pode negar que trabalhadores em atividades físicas desenvolvem lesões, mas isso também ocorreu com os bancários, com os digitadores. Por que há funcionários que trabalham há mais de 30 anos e não desenvolvem essas doenças?"

Doenças ocupacionais
As lesões por esforço repetitivo e doenças da coluna estão entre as principais doenças ocupacionais que acometem os empregados desse setor. "Há vários casos reconhecidos pelo INSS [Instituto Nacional de Seguridade Social] de doenças do trabalho, principalmente nos pulsos, mãos, ombros, que estão diretamente relacionados ao esforço repetitivo e ao frio. A baixa temperatura diminui o aporte de sangue às extremidades do corpo. Se o trabalho exige esforço das mãos, por exemplo, a tendência é ele sofrer rapidamente lesões nessa parte do corpo", afirma o procurador Jean Carlo.

Todos os frigoríficos apresentam alto índice de doenças ocupacionais, atesta o procurador do Trabalho de Alta Floresta (MT), Rafael Gomes. Autor da ação contra o Quatro Marcos, ele afirma que a situação encontrada em cinco unidades da empresa é ainda mais grave. Há dez anos o grupo é fiscalizado e autuado por irregularidades trabalhistas. "Apesar das ações, das condenações judiciais em ações individuais movidas pelos trabalhadores, o que se constata é aumento das irregularidades. A empresa parece fazer pouco caso da atuação do Ministério Público do Trabalho. Desde 2003, temos coletado provas, buscou-se um acordo extrajudicial, mas a empresa não toma atitude para mudar."

Jornada exaustiva
O processo judicial acusa o grupo de descumprir a legislação (de saúde e segurança no trabalho) e de produzir um "exército de trabalhadores acidentados e doentes". As infrações teriam sido constatadas ao longo dos últimos anos, em ações de fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O MPT pede uma indenização por danos morais coletivos de no mínimo 20 milhões de reais.

Segundo as denúncias feitas por funcionários e verificadas nas fiscalizações, o grupo não fornece Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) a todos os funcionários. Para se proteger e evitar contato com o sangue dos animais, os empregados recorrem a sacolas plásticas que utilizam como luvas e avental.
A empresa também é acusada de não conceder as pausas necessárias aos funcionários que trabalham em pé em ambientes com temperaturas baixas. "Muitas vezes não são cumpridos os intervalos de no mínimo 1 hora para o almoço", completa o procurador. "A jornada exaustiva é constatada pelos próprios cartões de ponto da empresa. As horas-extras não são pagas. Eles utilizam o banco de horas, que nunca é cumprido."

Acidentes
A procuradoria do Trabalho reuniu relatos de acidentes de trabalho ocorridos no frigorífico Quatro Marcos que não foram comunicados corretamente à Previdência Social. "Em um período de 120 dias, apenas na unidade de Vila Rica (MT), houve afastamento de 50 trabalhadores que não foram comunicados ao INSS", conta Rafael. "Eu vejo as empresas não comunicarem corretamente os acidentes de trabalho, darem suspensões e advertências abusivas, e obrigarem a realização de horas-extras acima do permitido por lei", conta a sindicalista Nilda Leão, da associação de trabalhadores de Tangará da Serra (MT).

Os trabalhadores acidentados ou doentes eram obrigados a continuar trabalhando, segundo o procurador do MPT do Mato Grosso. "Se o funcionário se recusa a continuar, pode ser suspenso, demitido ou ter a cesta básica cortada. Em alguns setores, esses trabalhadores ganham em média pouco mais de 400 reais, e a cesta básica é muito importante. Então, ela é usada como instrumento de punição", explica.

O setor de graxaria - unidade da fábrica que transforma todos os resíduos do abate de aves, suínos ou bovinos em farinhas - concentra o maior número de acidentes de trabalho. O trabalho na graxaria se estende até por 17 horas diárias, sem EPIs, em um ambiente quente e barulhento. "Quando estamos trabalhando na graxaria, o cheiro de carne podre é insuportável fazendo com que alguns até passem mal", relataram os funcionários ao MPT. As fiscalizações também constataram que a alimentação fornecida aos trabalhadores era deficiente e composta por partes não comercializadas dos animais abatidos, como sebo, "vacina" (local onde o boi recebe a injeção) e refile (raspa do osso).

Repórter Brasil entrou em contato com o grupo Quatro Marcos, mas a empresa afirmou que, por não ter recebido notificação judicial, não falaria à imprensa.

Mãos congeladas
Em junho deste ano, outro importante grupo exportador também foi alvo de ação do MPT em Santa Catarina. Comprada pela Cargill em 2005, a Seara Alimentos possui nove unidades de abatedouros e frigoríficos de suínos e aves, com mais de 10 mil funcionários. A empresa exporta sua produção para União Européia, América do Norte, entre outros destinos.

No processo contra a unidade da Seara em Forquilhinha (SC), as infrações mais graves dizem respeito ao número de trabalhadores doentes e às baixas temperaturas do ambiente de trabalho. A empresa é acusada de manter os trabalhadores em ambientes com temperatura abaixo dos 10°C sem conceder os períodos de descanso exigidos por lei. O Ministério Público do Trabalho pede R$ 150 milhões em indenizações.

Em 2006, a empresa já havia sido acionada na Justiça por ter demitido nove funcionárias que se recusaram a trabalhar no setor de cortes de frangos por causa do frio. "No dia das demissões, os trabalhadores já tinham reclamado para seu chefe imediato que não estavam suportando a baixa temperatura e estavam com as mãos congeladas, então saíram para aquecer o corpo fora da sala de corte, em torno de cinco minutos. Ao retornarem, foram chamadas à sala do supervisor onde foram demitidas por justa causa naquele ato", descreve o processo.

Melhorias
Após a ação do MPT, a Seara foi obrigada de imediato pela Justiça a adotar melhorias nas condições de trabalho em suas fábricas, como a permissão das pausas ao longo da jornada, por exemplo. Por lei, quem trabalha em ambiente com menos de 15°C tem direito a fazer pausa de 20 minutos, em local com temperatura ambiente, a cada duas horas aproximadamente. Investigação do Ministério Público revelou que as temperaturas nas salas onde são cortados os animais chegava a ficar abaixo dos 5º C. Além de causar incômodo, o frio diminui destreza dos empregados que têm como função manusear facões e serras em alta velocidade.

A Seara Alimentos informa que atendeu à decisão liminar da Justiça e tem mantido a sala de cortes com temperatura acima dos 10º C, mas aguarda o julgamento definitivo da ação. "No momento apropriado desta demanda judicial, utilizando-se de todos os meios legais aplicáveis, a empresa demonstrará o cumprimento integral da legislação trabalhista", informa. Está marcada para esta semana audiência em que serão ouvidas as testemunhas do processo.

Esse aspecto da lei é considerado inadequado por parte das empresas. Segundo Gouvêa, do Sindicarnes, por conta das regras de higiene impostas pelo Ministério da Agricultura, torna-se inviável permitir que os funcionários deixem os locais de trabalho a cada intervalo. "Eles teriam que trocar de roupa para voltar às salas refrigeradas todas as vezes. Além disso, no inverno do Sul do país, muitas vezes a temperatura ambiente é mais baixa do que a das salas de corte". Ele afirma ainda que o rodízio entre os funcionários e as pausas são obedecidos pelas empresas. "Todas têm cadeiras ergonômicas e há rodízio entre os que ficam em pé e sentam", garante.

Relatos dos funcionários da Seara também dizem que a empresa não reconhecia atestados de médicos não contratados por ela. "Estou com dor no ombro e nem de meu serviço eles me afastam. Conheço pessoas com dores e contusões e que estão trabalhando normalmente", contou funcionário da empresa ao MPT.

Após um ano e meio de trabalho, outra funcionária afirmou ter se submetido a sete cirurgias para tratar de uma lesão na mão esquerda. Em depoimento ao Ministério Público, ela afirmou que fazia um intervalo de apenas 30 minutos durante o expediente. "O rodízio [entre os funcionários] era realizado da seguinte forma: saía do corte com a faca e ia para o corte com a tesoura, e na realidade não mudava nada."

Menos horas
Para o representante dos trabalhadores, Siderlei de Oliveira, as condições de trabalho deverão melhorar apenas se as empresas aceitarem mudanças mais profundas. "O sistema produtivo como está hoje é um criador de trabalhadores doentes para a Previdência assumir depois."

De acordo com o representante do Sindicarnes, as empresas do setor têm discutido mudanças na linha de produção e a mecanização de algumas atividades. "Existe um comitê formado pelas grandes agroindústrias, com profissionais de diferentes áreas, para debater boas práticas nessa área de segurança do trabalho."

Outra medida defendida por Siderlei e por procuradores do Trabalho é a diminuição de 8 para 6 horas de trabalho como forma de amenizar o intenso esforço físico a que os empregados estão submetidos. "Os sindicatos defendem a redução da jornada de trabalho para deixar os trabalhadores menos expostos a essas condições, aumentar os intervalos de pausa e o rodízio entre as tarefas dos funcionários. Mas isso significa mudar o sistema de produção, porque não adianta ser bom para a empresa e prejudicar o trabalhador."

Trabalho escravo
Uma fazenda de propriedade da família que controla o grupo Quatro Marcos, a Vale do Jurema, já esteve presente na "lista suja" do trabalho escravo - cadastro nacional organizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no qual figuram empregadores flagrados utilizando esse tipo de mão de obra.

O nome da proprietária da fazenda, Susete Jorge Xavier, foi retirado do cadastro em julho deste ano, após quitação das pendências com o poder público e permanência por dois anos na lista. Susete é esposa de Sebastião Douglas Xavier, dono do Grupo Quatro Marcos. Na ação de fiscalização, foram libertados 140 trabalhadores de condições análogas a de escravo.
Fonte :Por Fabiana Vezzali

Ações do MPT apontam más condições de trabalho em frigoríficos

Procuradores do MT e de SC verificaram irregularidades como subnotificações de acidentes de trabalho e jornadas exaustivas - assim como sintomas como o alto número de doenças funcionais - nos frigoríficos Quatro Marcos e Seara



Duas ações civis públicas protocoladas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) colocaram em evidência as condições problemáticas enfrentadas pelos trabalhadores de pólos importantes de processamento de carnes do país. Procuradores do Mato Grosso e de Santa Catarina verificaram irregularidades como subnotificações de acidentes de trabalho e jornadas exaustivas - assim como sintomas reveladores como o alto número de doenças profissionais - no frigorífico bovino Quatro Marcos e na Seara, indústria de abate de frangos e suínos.

No Mato Grosso, a ação foi ajuizada em 26 de novembro contra o frigorífico Quatro Marcos - um dos maiores do país, com 6 mil funcionários. Também neste ano, o MPT de Criciúma (SC) apresentou ação contra a Seara Alimentos (do grupo Cargill). Em ambos os casos, os procuradores alegam que, em nome da alta produtividade, as empresas têm cometido graves infrações trabalhistas.

"Esse é um setor muito poderoso, que apresentou nos últimos anos elevados lucros com as exportações de carne e frango. O ritmo de trabalho nesses frigoríficos é muito acelerado. Os trabalhadores têm jornadas muito intensas, não tem tempo de ir ao banheiro. São obrigados a fazer determinado número de cortes por minuto. E isso em ambientes muito frios com temperaturas de 10°C ou menos", afirma o procurador Jean Carlo Voltolini, do MPT de Criciúma, autor do processo contra a Seara e que também investiga outros frigoríficos.

Em segundo lugar no ranking das exportações brasileiras em 2006, a venda de carne bovina, de frangos e de suínos alcançou a cifra dos US$ 8,6 bilhões - um aumento de 5,5% em relação a 2005. No ano passado, o setor das indústrias de alimentação e de bebidas chegou à primeira posição nas estatísticas de acidentes de trabalho, com 48.424 casos registrados, de acordo com o Ministério da Previdência Social. Feita a ressalva de que nem todos esses casos dizem respeito aos acidentes ocorridos em frigoríficos, a dado ainda é alarmante.

O número de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho cresce nesse setor, na opinião de Siderlei de Oliveira, presidente da Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação, Agroindústrias, Cooperativas de Cereais e Assalariados Rurais (Contac), porque as empresas elevaram suas metas de produção sem ampliar o número de trabalhadores. "Os trabalhadores estão num ritmo insuportável. A máquina dita o ritmo de trabalho no setor agrícola. O trabalhador faz esforço físico repetitivo, durante 8 horas e em ambiente de baixa temperatura. A combinação disso é uma serie de lesões graves, nos tendões, nos ombros, nos membros superiores".

Representante do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarnes), entidade que reúne as agroindústrias do estado, Ricardo Gouvêa contesta as análises sobre os riscos de acidentes nos frigoríficos. Ele afirma que faltam dados mais precisos sobre os tipos de acidentes e nega que as empresas estão deixando de comunicá-los à Previdência. "São acidentes que comprometem pouco o trabalhador, em geral, cortes de pequena profundidade". Gouvêa diz ainda que as empresas estão se esforçando para alterar essa situação. "Não se pode negar que trabalhadores em atividades físicas desenvolvem lesões, mas isso também ocorreu com os bancários, com os digitadores. Por que há funcionários que trabalham há mais de 30 anos e não desenvolvem essas doenças?"

Doenças ocupacionais
As lesões por esforço repetitivo e doenças da coluna estão entre as principais doenças ocupacionais que acometem os empregados desse setor. "Há vários casos reconhecidos pelo INSS [Instituto Nacional de Seguridade Social] de doenças do trabalho, principalmente nos pulsos, mãos, ombros, que estão diretamente relacionados ao esforço repetitivo e ao frio. A baixa temperatura diminui o aporte de sangue às extremidades do corpo. Se o trabalho exige esforço das mãos, por exemplo, a tendência é ele sofrer rapidamente lesões nessa parte do corpo", afirma o procurador Jean Carlo.

Todos os frigoríficos apresentam alto índice de doenças ocupacionais, atesta o procurador do Trabalho de Alta Floresta (MT), Rafael Gomes. Autor da ação contra o Quatro Marcos, ele afirma que a situação encontrada em cinco unidades da empresa é ainda mais grave. Há dez anos o grupo é fiscalizado e autuado por irregularidades trabalhistas. "Apesar das ações, das condenações judiciais em ações individuais movidas pelos trabalhadores, o que se constata é aumento das irregularidades. A empresa parece fazer pouco caso da atuação do Ministério Público do Trabalho. Desde 2003, temos coletado provas, buscou-se um acordo extrajudicial, mas a empresa não toma atitude para mudar."

Jornada exaustiva
O processo judicial acusa o grupo de descumprir a legislação (de saúde e segurança no trabalho) e de produzir um "exército de trabalhadores acidentados e doentes". As infrações teriam sido constatadas ao longo dos últimos anos, em ações de fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O MPT pede uma indenização por danos morais coletivos de no mínimo 20 milhões de reais.

Segundo as denúncias feitas por funcionários e verificadas nas fiscalizações, o grupo não fornece Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) a todos os funcionários. Para se proteger e evitar contato com o sangue dos animais, os empregados recorrem a sacolas plásticas que utilizam como luvas e avental.
A empresa também é acusada de não conceder as pausas necessárias aos funcionários que trabalham em pé em ambientes com temperaturas baixas. "Muitas vezes não são cumpridos os intervalos de no mínimo 1 hora para o almoço", completa o procurador. "A jornada exaustiva é constatada pelos próprios cartões de ponto da empresa. As horas-extras não são pagas. Eles utilizam o banco de horas, que nunca é cumprido."

Acidentes
A procuradoria do Trabalho reuniu relatos de acidentes de trabalho ocorridos no frigorífico Quatro Marcos que não foram comunicados corretamente à Previdência Social. "Em um período de 120 dias, apenas na unidade de Vila Rica (MT), houve afastamento de 50 trabalhadores que não foram comunicados ao INSS", conta Rafael. "Eu vejo as empresas não comunicarem corretamente os acidentes de trabalho, darem suspensões e advertências abusivas, e obrigarem a realização de horas-extras acima do permitido por lei", conta a sindicalista Nilda Leão, da associação de trabalhadores de Tangará da Serra (MT).

Os trabalhadores acidentados ou doentes eram obrigados a continuar trabalhando, segundo o procurador do MPT do Mato Grosso. "Se o funcionário se recusa a continuar, pode ser suspenso, demitido ou ter a cesta básica cortada. Em alguns setores, esses trabalhadores ganham em média pouco mais de 400 reais, e a cesta básica é muito importante. Então, ela é usada como instrumento de punição", explica.

O setor de graxaria - unidade da fábrica que transforma todos os resíduos do abate de aves, suínos ou bovinos em farinhas - concentra o maior número de acidentes de trabalho. O trabalho na graxaria se estende até por 17 horas diárias, sem EPIs, em um ambiente quente e barulhento. "Quando estamos trabalhando na graxaria, o cheiro de carne podre é insuportável fazendo com que alguns até passem mal", relataram os funcionários ao MPT. As fiscalizações também constataram que a alimentação fornecida aos trabalhadores era deficiente e composta por partes não comercializadas dos animais abatidos, como sebo, "vacina" (local onde o boi recebe a injeção) e refile (raspa do osso).

Repórter Brasil entrou em contato com o grupo Quatro Marcos, mas a empresa afirmou que, por não ter recebido notificação judicial, não falaria à imprensa.

Mãos congeladas
Em junho deste ano, outro importante grupo exportador também foi alvo de ação do MPT em Santa Catarina. Comprada pela Cargill em 2005, a Seara Alimentos possui nove unidades de abatedouros e frigoríficos de suínos e aves, com mais de 10 mil funcionários. A empresa exporta sua produção para União Européia, América do Norte, entre outros destinos.

No processo contra a unidade da Seara em Forquilhinha (SC), as infrações mais graves dizem respeito ao número de trabalhadores doentes e às baixas temperaturas do ambiente de trabalho. A empresa é acusada de manter os trabalhadores em ambientes com temperatura abaixo dos 10°C sem conceder os períodos de descanso exigidos por lei. O Ministério Público do Trabalho pede R$ 150 milhões em indenizações.

Em 2006, a empresa já havia sido acionada na Justiça por ter demitido nove funcionárias que se recusaram a trabalhar no setor de cortes de frangos por causa do frio. "No dia das demissões, os trabalhadores já tinham reclamado para seu chefe imediato que não estavam suportando a baixa temperatura e estavam com as mãos congeladas, então saíram para aquecer o corpo fora da sala de corte, em torno de cinco minutos. Ao retornarem, foram chamadas à sala do supervisor onde foram demitidas por justa causa naquele ato", descreve o processo.

Melhorias
Após a ação do MPT, a Seara foi obrigada de imediato pela Justiça a adotar melhorias nas condições de trabalho em suas fábricas, como a permissão das pausas ao longo da jornada, por exemplo. Por lei, quem trabalha em ambiente com menos de 15°C tem direito a fazer pausa de 20 minutos, em local com temperatura ambiente, a cada duas horas aproximadamente. Investigação do Ministério Público revelou que as temperaturas nas salas onde são cortados os animais chegava a ficar abaixo dos 5º C. Além de causar incômodo, o frio diminui destreza dos empregados que têm como função manusear facões e serras em alta velocidade.

A Seara Alimentos informa que atendeu à decisão liminar da Justiça e tem mantido a sala de cortes com temperatura acima dos 10º C, mas aguarda o julgamento definitivo da ação. "No momento apropriado desta demanda judicial, utilizando-se de todos os meios legais aplicáveis, a empresa demonstrará o cumprimento integral da legislação trabalhista", informa. Está marcada para esta semana audiência em que serão ouvidas as testemunhas do processo.

Esse aspecto da lei é considerado inadequado por parte das empresas. Segundo Gouvêa, do Sindicarnes, por conta das regras de higiene impostas pelo Ministério da Agricultura, torna-se inviável permitir que os funcionários deixem os locais de trabalho a cada intervalo. "Eles teriam que trocar de roupa para voltar às salas refrigeradas todas as vezes. Além disso, no inverno do Sul do país, muitas vezes a temperatura ambiente é mais baixa do que a das salas de corte". Ele afirma ainda que o rodízio entre os funcionários e as pausas são obedecidos pelas empresas. "Todas têm cadeiras ergonômicas e há rodízio entre os que ficam em pé e sentam", garante.

Relatos dos funcionários da Seara também dizem que a empresa não reconhecia atestados de médicos não contratados por ela. "Estou com dor no ombro e nem de meu serviço eles me afastam. Conheço pessoas com dores e contusões e que estão trabalhando normalmente", contou funcionário da empresa ao MPT.

Após um ano e meio de trabalho, outra funcionária afirmou ter se submetido a sete cirurgias para tratar de uma lesão na mão esquerda. Em depoimento ao Ministério Público, ela afirmou que fazia um intervalo de apenas 30 minutos durante o expediente. "O rodízio [entre os funcionários] era realizado da seguinte forma: saía do corte com a faca e ia para o corte com a tesoura, e na realidade não mudava nada."

Menos horas
Para o representante dos trabalhadores, Siderlei de Oliveira, as condições de trabalho deverão melhorar apenas se as empresas aceitarem mudanças mais profundas. "O sistema produtivo como está hoje é um criador de trabalhadores doentes para a Previdência assumir depois."

De acordo com o representante do Sindicarnes, as empresas do setor têm discutido mudanças na linha de produção e a mecanização de algumas atividades. "Existe um comitê formado pelas grandes agroindústrias, com profissionais de diferentes áreas, para debater boas práticas nessa área de segurança do trabalho."

Outra medida defendida por Siderlei e por procuradores do Trabalho é a diminuição de 8 para 6 horas de trabalho como forma de amenizar o intenso esforço físico a que os empregados estão submetidos. "Os sindicatos defendem a redução da jornada de trabalho para deixar os trabalhadores menos expostos a essas condições, aumentar os intervalos de pausa e o rodízio entre as tarefas dos funcionários. Mas isso significa mudar o sistema de produção, porque não adianta ser bom para a empresa e prejudicar o trabalhador."

Trabalho escravo
Uma fazenda de propriedade da família que controla o grupo Quatro Marcos, a Vale do Jurema, já esteve presente na "lista suja" do trabalho escravo - cadastro nacional organizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no qual figuram empregadores flagrados utilizando esse tipo de mão de obra.

O nome da proprietária da fazenda, Susete Jorge Xavier, foi retirado do cadastro em julho deste ano, após quitação das pendências com o poder público e permanência por dois anos na lista. Susete é esposa de Sebastião Douglas Xavier, dono do Grupo Quatro Marcos. Na ação de fiscalização, foram libertados 140 trabalhadores de condições análogas a de escravo.
Fonte :Por Fabiana Vezzali

Acidentes e doenças de trabalho: 6 mil morrem por dia no mundo

Acidentes e doenças de trabalho: 6 mil morrem por dia no mundo
"As rápidas mudanças tecnológicas e uma economia que se globaliza a passos gigantescos apresentam novos desafios e geram pressões sem precedentes em todos os âmbitos do mundo do trabalho", avalia diretor-geral da OIT.



Cerca de seis mil pessoas morrem por dia em conseqüência de acidentes e doenças ligadas a atividades laborais. São 270 milhões de acidentes de trabalho não fatais e 160 milhões de casos novos de doenças profissionais por ano. E de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), esses dados divulgados por ocasião do Dia Mundial de Saúde e Segurança do Trabalho, celebrado na última segunda-feira (28), não tendem a retroceder.
"Na atualidade, as rápidas mudanças tecnológicas e uma economia que se globaliza a passos gigantescos apresentam novos desafios e geram pressões sem precedentes em todos os âmbitos do mundo do trabalho", avalia o diretor-geral da OIT, Juan Somavia. O órgão ligado a Organizações das Nações Unidas (ONU) estima que o custo direto e indireto de acidentes e doenças do trabalho possa chegar a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, ou seja, US$ 1,25 bilhão. Essa quantia equivale a mais de 20 vezes os investimentos globais de assistência de desenvolvimento oficial. Migrantes e marginalizados correm mais riscos porque se submetem a trabalhos mais inseguros.

De acordo com Juan Somavia, houve registro de aumento na taxa de acidentes nos países em desenvolvimento. "Não podemos esquecer que a maioria dos trabalhadores está na economia informal, onde é provável que não se leve em conta todos os acidentes, doenças e mortes por causa do trabalho", adiciona o diretor-geral da OIT, em mensagem por ocasião do Dia Mundial de Saúde e Segurança do Trabalho. "O trabalho não é uma mercadoria e os mercados devem estar a serviço das pessoas".

No Brasil, também se estima que, além do incalculável prejuízo social, os acidentes e doenças de trabalho atinjam aproximadamente 4% do PIB nacional, levando-se em conta, além do setor privado, o segmento informal e rural, os funcionários públicos, os cooperados e os autônomos. De acordo com dados oficiais do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho, publicado em janeiro de 2008, foram registrados no país 503.890 acidentes de trabalho em 2006, apenas na iniciativa privada regular.

A circulação de informações continua sendo um fator de suma relevância para a saúde e segurança no trabalho, avalia Jófilo Moreira Lima Jr., diretor técnico da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro). "Hoje, é difícil mascarar óbitos. Mas existem lacunas de informações sobre doenças e acidentes", coloca.

O Brasil passou a adotar desde abril de 2007 um mecanismo que relaciona doenças às atividades profissionais nas quais ocorre com maior incidência chamado Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário. Desde então, o registro de doenças ocupacionais cresceu, em média, 134%, segundo dados do Ministério da Previdência Social (MPS). As notificações de doenças do sistema osteomuscular, nas quais se incluem as lesões por esforço repetitivo (LER), aumentaram 512%. Este mecanismo facilita a regularização das notificações de acidentes de trabalho; por diversos motivos, empresas freqüentemente recorriam ao subterfúgio da subnotificação.

Jófilo Moreira nota ainda que trabalhadores - especialmente em áreas de maior risco como a construção civil - têm se conscientizado a respeito da importância da prevenção. Normas de saúde e segurança de trabalho que passaram a ser adotadas apenas por obrigação, em cumprimento à lei, acabaram despertando a necessidade de uma visão mais ampla da questão, relata.

Nesse sentido, avança "em doses homeopáticas" a concepção da saúde e segurança como parte da gestão do trabalho. "Precisamos deixar de contar apenas os acidentados, e passar a pensar em acidentes. Existem acidentes, por exemplo, em que não há lesados", coloca o diretor técnico da Fundacentro, instituição vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Essa abordagem como parte da gestão mais integral do trabalho requer, segundo ele, melhorias e compromissos mais abrangentes.

Na visão de Jófilo Moreira, as fiscalizações (formal e informal) do ambiente de trabalho também vêm aumentando, bem como empresas e sindicatos estão abandonando a cultura de "esconder" acidentes. "A ´teoria do culpado´ está, pouco a pouco, se enfraquecendo", relata. Mas além da problemática informalidade, ele afirma que o país está "atrasado" no aspecto da educação e da formação técnica para a prevenção de acidentes. "Literatura técnica não é a mesma coisa que a letra da lei", completa. "Isso mostra que as coisas não são tão simples como querem fazer parecer".

Redução de jornada
Centrais sindicais aproveitaram o Dia Mundial de Saúde e Segurança do Trabalho para realizar um ato na Praça Ramos de Azevedo, no centro da capital paulista, e coletar adesões ao abaixo-assinado da campanha pela redução da jornada de trabalho sem a redução de salário. Participaram da mobilização e apóiam a campanha a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical, a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT).

"O movimento sindical tem de mudar o seu foco: temos que ficar atentos à prevenção, e não à recuperação. Hoje, a despesa da Previdência é altíssima em virtude desta política de recuperação. Nosso papel é discutir, setor por setor, a qualidade do serviço", coloca Siderlei de Oliveira, coordenador do Instituto Nacional de Saúde do Trabalhador (INST) da CUT.

Fonte :Por Maurício Hashizume

Número de acidentes de trabalho sobe 27,6% de 2006 para 2007

Número de acidentes de trabalho sobe 27,6% de 2006 para 2007
Anuário Estatístico de 2007 do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou 653 mil acidentes de trabalho. Mato Grosso ocupa o 1º lugar na média relativa, com 47,26 mortes por acidente para cada 100 mil segurados


O número de acidentes de trabalho aumentou 27,6% em 2007, comparado com o ano anterior. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou 653 mil ocorrências, segundo dados do Anuário Estatístico de 2007. O maior impacto deste aumento (98,6%) diz respeito aos acidentes sem Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs), registrados por meio do nexo técnico epidemiológico - mecanismo que relaciona doenças que ocorrem com maior incidência às atividades profissionais. Os acidentes de trabalho registrados em 2007, por meio da CAT, aumentaram 3,7% em relação a 2006.

No ano passado, foram registradas 2,8 mil mortes por acidentes do trabalho em todo o país. "No caso dos acidentes fatais, o nexo técnico epidemiológico não interfere", explica Fernando Donato Vasconcelos, médico e auditor fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso (SRTE/MT). A nova metodologia não se aplica aos trabalhadores informais e só abrage o universo dos segurados pelo INSS.

Segundo ele, a caracterização do acidente envolve dificuldades na delimitação do que é o fator de risco ou causal, suas circunstâncias de ocorrência e a relação com o trabalho. Por isso, os números podem ser ainda maiores em função da subnotificação. "Comparando as estatísticas da Previdência Social com dados de Boletins de Ocorrência nos distritos policiais, por exemplo, temos níveis de subnotificação de cerca de 90%. Ou seja, a realidade de acidentes do trabalho é muito pior do que aparece nos dados oficiais".

Dados do governo federal mostram que acidentes e doenças do trabalho custam, anualmente, R$ 10,7 bilhões aos cofres da Previdência Social, responsável pelo pagamento do auxílio-doença, auxílio-acidente e aposentadorias.

Prioridade e planejamento
Para Fernando Donato, a primeira medida para diminuir o alto índice de acidentes repousa na priorização da questão dentro do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). "O problema não é novo. As iniciativas para combatê-lo foram se perdendo ao longo dos anos. Antigamente a segurança e saúde do trabalhador era uma secretaria dentro do MTE. Atualmente há um número pequeno de auditores especialistas no tema. Os recursos são limitados".

Para Junia Barreto, diretora do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho (DSST) do MTE, o que houve foi uma mudança de planejamento e não de prioridades. "Em nenhum momento, nos últimos anos, o planejamento de segurança e saúde foi deixado de lado. O que aconteceu, e que era necessário acontecer, é que o planejamento, que anteriormente era limitado à área, passou a englobar também os aspectos trabalhistas propriamente ditos".

Segundo a diretora, a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do MTE estabelece diretrizes para o planejamento. Neste ano, as prioridades determinadas têm como base os números de acidentes por setor econômico. Essas áreas serão alvos de fiscalizações em todo o território nacional. "Para os setores prioritários, são estabelecidas estratégias e táticas de intervenção, que podem incluir, além de uma fiscalização intensiva, outras metodologias, como notificação coletiva, reuniões, mediações". As superintendências regionais do MTE também podem definir suas prioridades.

Em 2007, o setor que mais acumulou acidentes de trabalho foi a indústria, com 129 mil ocorrências, seguido pelo setor de serviços, com 70,5 mil acidentes. Porém, o setor mais fiscalizado foi o comércio, com 43.461 ações, seguido da indústria, com 31.918 ações. Os dados foram apresentados pelo auditor fiscal Marcell Fernandes Santana, da SRTE/ES , durante o 26º Encontro Nacional dos Auditores Fiscais (Enafit). Das cinco divisões estabelecidas pela Previdência Social, o comércio é a que apresenta menor índice de acidentes e, apesar disso, foi o primeiro setor em número de fiscalizações do MTE.

Últimos três anos
No período de janeiro de 2005 a maio de 2008, 439 pessoas morreram em acidentes no trabalho no MT. As atividades econômicas com maior número de óbitos foram: transporte rodoviário de cargas (37), construção (30), criação de bovinos (22), madeireira (22) e cultivo da soja (19).

No mesmo período, quase 2 milhões de CATs foram emitidas no Brasil. E os setores que mais se destacam em números de ocorrências registradas são: as atividades de atenção à saúde; a construção; os transportes terrestres; os supermercados; o abate e preparação de produtos da carne e de pescado e o setor sucroalcooleiro. Fernando Donato pondera, entretanto, que nem sempre o problema é mais grave nas áreas de maior incidência. "No caso da área de saúde, por exemplo, são poucos acidentes que são fatais, o contrário ocorre no caso dos transportes".

No transporte de cargas, uma das principais causas de acidentes é a jornada exaustiva dos funcionários. "As empresas impõem um ritmo que leva um grande volume de caminhões na estrada, e com motoristas, inclusive, usando drogas para se manterem acordados. Alguns empregadores argumentam que as estradas é que são ruins, mas já foi comprovado que não são problemas nas estradas que causam acidentes", avalia Fernando.

No caso dos frigoríficos - que são muitos no Mato Grosso -, as condições de trabalho são insalubres, os trabalhadores são submetidos a altas e baixas temperaturas em curto intervalo de tempo. "No corte das peças é o estágio em que ocorrem mais acidentes", descreve o auditor fiscal Fernando.

A falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como a tela de proteção e o cinto, é a principal causa dos problemas na construção civil. "Nas madeireiras acorrem muitos acidentes porque os proprietários tiram um equipamento de proteção instalado na serra para que ela trabalhe mais rápido. Na derrubada de árvores também há casos de acidentes com motosseras".

Dados alarmantes
Foram contabilizadas 143 mortes por acidentes de trabalho no estado do Mato Grosso em 2007. O estado aparece em oitavo lugar na média de acidentes do trabalho fatais. Por outro lado, quando se analisa a Taxa de Mortalidade Específica [TME] por acidentes, calculada pelo número de óbitos notificados de trabalhadores segurados sobre o total de segurados, Mato Grosso passa à primeira posição na média referente ao período 1997-2006.

Enquanto a média nacional do período foi de 14,68 mortes por 100 mil segurados da Previdência Social e a de São Paulo, o estado com maior número absoluto com 7.668 mortes, foi de 11,12 mortes por 100 mil segurados, Mato Grosso apresenta uma média de 47,26 mortes por acidente do trabalho por 100 mil segurados do INSS.

A SRTE/MT criou o Comitê Estadual de Prevenção de Acidentes do Trabalho para tirar o estado do topo dessa lista. Participam do organismo, o INSS, a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social (Setecs), a Secretaria de Estado da Saúde (Ses), o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Coordenadoria de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado de Saúde (CSTSES). "A nossa pretensão é envolver a Polícia Rodoviária Federal, por conta dos acidentes de transporte e trazer a universidade para esse debate também", relata Fernando, da SRTE/MG.

O INSS é parceiro do MTE na análise dos acidentes de trabalho. Por meio do projeto Sirena, o instituto repassa informações do seu banco de dados para subsidiar a investigação das causas de óbitos e acidentes graves. Após o encerramento da análise, o MTE envia suas conclusões à Procuradoria do INSS para a possível proposição de ações regressivas contra os responsáveis, com o objetivo de recuperar para os cofres públicos os recursos gastos com benefícios previdenciários.
Fonte : Por Bianca Pyl

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Teste das Múltiplas Latências do Sono

Teste das Múltiplas Latências do Sono

È o exame mais utilizado para a quantificação objetiva do grau de sonolência diurna . Tem como objetivo verificar a tendência de adormecer na ausência de fatores de alerta. É padronizado e consiste no registro de cinco exames polissonográficos (paciente deitado em sala escura e silenciosa) durante o dia com duração de 20 minutos cada e intervalo de 2 horas . Calcula-se a latência do sono, sendo que a média da latência para início do sono deve situar--se entre 10 e 20 minutos. Latências menores que 10 minutos são indicativas de sonolência excessiva diurna.
È indicada para o diagnóstico de quadros que cursam com hipersonolência diurna (como Narcolepsia, Síndrome da Apnéia do Sono, Hipersonolência Diurna Idiopática..).
Para a realização do Teste das Múltiplas Latências do Sono é importante que o paciente não esteja tomando medicações depressoras do Sistema Nervoso Central nos últimos 15 dias e que não tenha privação de sono prévia.
Usualmente realiza-se a polissonografia de noite inteira precedendo ao Teste das Múltiplas Latências do Sono

Fonte: neurosono.com.br

polissonografia e a odontologia

EXAME DE VIDEO-POLISSONOGRAFIA

Diagnóstico
Para titulação de CPAP e outros PAPs
Recomendações no dia do exame de video-polissonografia
Saiba com realizar o exame de video-polissonografia na Clínica de Neurologia e Distúrbios do Sono


VIDEOPOLISSONOGRAFIA PARA DIAGNÓSTICO
É a ferramenta essencial para avaliação e diagnóstico dos problemas relacionados ao sono como: Insônia, Síndrome da Apnéia Obstrutiva e Central do Sono, Narcolepsia, Parassônias (Sonilóquios, Sonambulismo, Terror Noturno, Bruxismo.),Movimentos Periódicos dos Menbros, Síndrome das Pernas Inquietas, Epilepsia Noturna, Distonia Paroxística Noturna, Fibromialgia, Distúrbios Cardiológicos relacionados ao Sono e outros.

Deve ser realizado durante a noite inteira apresentando resultados fidedignos e confiáveis.
Este exame consiste no registro de noite inteira, avaliando-se múltiplos parâmetros fisiológicos:



Variáveis Neurofisiológicas:

Eletroencefalografia, eletrooculografia, eletromiografia da região submentoniana: para avaliação dos estágios do sono. Eletromiografia do músculo tibial anterior e outros músculos para diagnósticos de movimento periódico durante o sono. Embora não seja rotina, qualquer outro músculo pode ser avaliado, conforme necessidade, por exemplo, o masseter para investigação de bruxismo.



Variáveis Cardiorespiratórias:

Respiração – monitorização, durante o sono, para a investigação de distúrbios respiratórios, registrando o fluxo de ar naso-oral e o esforço toraco-abdominal feito pelo paciente ao respirar.
Eletrocardiograma – realizado, durante o sono, para detectar e caracterizar alterações do ritmo e freqüência cardíaca.
Oximetria de Pulso – avaliação contínua, não invasiva, da saturação de oxigênio do sangue arterial.


Registro Simultâneo do Ronco, através do uso de microfone, e Registro da Posição Corpórea

Também é utilizado câmeras de vídeo para registro de comportamentos anormais durante o sono.


VIDEOPOLISSONOGRAFIA PARA TITULAÇÃO DO CPAP e outros PAPs
Deve ser realizada quando indicado o uso do CPAP / BIPAP/Auto-CPAP para o tratamento da Síndrome da Apnéia/Hipopnéia Obstrutiva do Sono, onde será realizado o ajuste pressórico destes aparelhos de pressão aérea positiva, a fim de se obter a pressão mínima necessária para:

º Eliminar eventos respiratórios (apnéia e hipopnéia)
º Eliminar a dessaturação da oxihemoglobina;
º Eliminar a limitação do fluxo respiratório;
º Eliminar os microdespertares (critério ASDA).

Fonte: neurosono.com.br

Sono normal e odontologia

Até o início da década de 50 o sono era visto como um processo passivo, onde ocorriam lapsos no cérebro, induzindo o sono, devido a estímulos sensoriais insuficientes para manutenção da vigília.

A partir do final da década de 50, identificou-se o sono como um processo ativo, caracterizado por uma sucessão cíclica de diferentes fenômenos psicofisiológicos.

Descobriu-se que os estágios do sono (I, II, III, IV e fase – REM = períodos dos sonhos) ocorrem numa seqüência relativamente pré-estabelecida a cada noite, e são controlados por diferentes, mas interligados, sistemas neuroquímicos.

Para gerar repouso e recuperação das funções mentais, essas fases devem acontecer de forma organizada, durante a noite. A alteração destas fases resulta na não recuperação completa das funções mentais, repercutindo no declínio da atenção, concentração, lentidão de raciocínio, hipersonolência diurna, alteração de humor e comprometimento de outros sistemas orgânicos, contribuindo para o surgimento de doenças.

O avanço nos estudos e diagnósticos do sono ganhou grande importância na década de 60, com a polissonografia (atualmente videopolissonografia), na monitorização simultânea de vários parâmetros biológicos.



Função do Sono
Recuperar ou reverter os processos bioquímicos ou biológicos que, durante a vigília, progressivamente se degradam ou acumulam, e assim, preparam o organismo para o estado de vigília novamente (recuperação das funções mentais).
Amadurecimento cerebral em recém nascidos e crianças menores, com a produção de proteínas que participem dos processos de mielinização do cérebro (fase REM=fase de sonhos).
Sedimentação da memória (fase de sonhos).


obs.: a duração do sono normal varia de 04 a 10 horas, sendo que a média da população dorme de 07 a 08 horas, e o principal critério de avaliação para sabermos se o sono é reparador baseia-se nas respostas as seguintes questões: o sono foi repousante? Foi reparador? passou o dia bem? sem sonolência? bem humorado? caso a resposta seja afirmativa, o seu sono é considerado normal, mesmo para aqueles que tiveram 04 horas de sono, sendo este considerado um bom dormidor.

Fonte :neurosono.com.br

Postura na posição de dormir e odontologia

Distonia Paroxistica Noturna

Caracteriza-se por posturas distônicas, podendo ser de curta duração (15 a 45 segundos), ou podem durar até 60 minutos. Ocorre a rotação da cabeça e tronco, com extensão ou flexão dos membros. O paciente abre os olhos e pode haver uma discinesia do tipo balismo ou coreico e vocalização e ser acompanhada de grito. Apresenta rigidez de extremidades, automatismos, sentando na cama, adquirindo posturas anormais e sensação de pânico e com preservação da consciência. Tem inicio na infância ou adolescência. As crises ocorrem no sono-REM, principalmente durante o estágio 2, ou durante o sono de ondas lentas. Parecem ser decorrentes de foco epiléptico frontal, principalmente as formas de curta duração, embora no EEG não se observe descarga epileptiformes ocorrendo somente a dessincronização da atividade elétrica cerebral, podendo os episódios ser precedidos de curta apnéia central.

Fonte: neurosono.com.br

Distúrbios Respiratórios do Sono e a odontologia

Distúrbios Respiratórios do Sono:


Síndrome da Apnéia/Hipopnéia Obstrutiva
Síndrome da Apnéia Central
Síndrome do Aumento da Resistência das Vias Aéreas Superiores



Síndrome da Apnéia/Hipopnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS)
É uma doença crônica, evolutiva com alta taxa de morbidade e mortalidade, com graves repercussões gerais, hemodinâmicas, neurológicas e comportamentais.

Ronco é referido por 40 a 60% dos adultos e Síndrome da Apnéia/Hipopnéia Obstrutiva do Sono estima-se em 2% e 4% de mulheres e homens, respectivamente.

Indivíduos obesos com a maior quantidade de tecido adiposo na região faríngea desenvolvem SAHOS com maior freqüência.

É a mais comum desordem vista nos centros de sono e é responsável pela maior mortalidade e morbidade que qualquer outra doença do sono.

É uma condição caracterizada por recorrentes episódios de obstrução parcial ou total da via aérea superior durante o sono; e isso se manifesta como uma redução (maior que 50% hipopnéia) ou completa cessação (apnéia) do fluxo respiratório, seguido de contínuo esforço respiratório; essas obstruções ocorrem por um período maior que 10 segundos, e numa freqüência maior que 5 episódios por hora de sono.

Conseqüentemente, ocorre falta de ventilação alveolar, resultando em dessaturação de oxigênio maior que 4% do valor basal (acordado) e em casos de eventos prolongados, uma diminuição na PaCO2. Os eventos freqüentemente terminam com microdespertares.

O Paciente ainda pode mostrar ausência de esforço respiratório durante o período inicial da apnéia, seguido de retorno do esforço respiratório com manutenção ainda da apnéia, originando eventos que caracterizam as apnéias mistas (inicialmente com característica centrais e depois obstrutivas). Esses eventos também são considerados parte da Síndrome da Apnéia/Hipopnéia Obstrutiva do Sono.

O bom funcionamento das vias aéreas superiores depende da anatomia da mesma e do equilíbrio dinâmico entre as forças de dilatação (atividade tônica e fásica dos músculos dilatadores faríngeos) e as forças de colapso.

Com a parada da entrada do ar (apnéia) produz-se hipoxemia, hipercapnia e acidose a qual provoca por estímulo central um despertar breve. Este breve despertar leva à abertura da faringe e a volta da respiração. Quando volta o sono, os músculos se relaxam e todo processo inicia-se podendo repetir-se centenas de vezes por noite causando baixa eficiência do sono.

Hipersonolência Diurna é uma conseqüência comum devido à alteração na arquitetura normal do sono (recorrentes microdespertares) e também devido hipoxemia recorrente.

Então, os sintomas da SAHOS característicos são noturnos( roncos, agitação noturna, engasgos e paradas respiratórias no sono, microdespertares recorrentes, nictúria- micção noturna aumentada, insônia) e diurnos ( cefaléia matutina; cansaço; diminuição da memória de fixação e evocação, concentração e raciocínio; alteração do humor; depressão-like; disfunção erétil ou diminuição da libido e até impotência; queixas consistentes com refluxo gastroesofágico).

Vários tipos de morbidade estão associados com SAHOS e também maior índice de mortalidade. Hipertensão Arterial Sistêmica e Pulmonar podem ser causadas ou agravadas devido SAHOS; e também Insuficiência Cardíaca Congestiva; Doenças da Artéria Coronariana (Infarto do Miocárdio e Angina Noturna), Arritmias Cardíacas e Acidentes Vasculares Cerebrais. Riscos aumentados de acidentes de trânsitos e do trabalho decorrentes da sonolência diurna excessiva também são comprovados; assim como dificuldade de aprendizado em crianças.

São considerados fatores predisponentes: obesidade; sexo masculino; anormalidades crânio faciais(como hipoplasia maxilomandibular); aumento tecido mole ou linfóide faríngeo, obstrução nasal, anormalidades endócrinas (hipotireoidismo, acromegalia) e história familiar.




DIAGNÓSTICO

O diagnóstico deve ser realizado através de Video-polissonografia de noite inteira (vide setor que descreve este exame). Esse exame é imprescindível para diagnóstico definitivo quantitativo e qualitativo da gravidade da SAHOS.

A classificação do nível de gravidade da Síndrome da Apnéia/Hipopnéia Obstrutiva do Sono é feita, então, baseada nos índices polissonográficos (índice Apnéia e Hipopnéia por hora de sono: Leve 5-15; Moderada 16-30 e Severa acima de 31; pela saturação da oxihemoglobina e presença de alterações cardiovasculares).

É importante também considerar na avaliação da gravidade da SAHOS o grau de hipersonolência diurna (através da escala de sonolência de Epworth) e fatores associados como: obesidade, hipertensão arterial sistêmica, hipertensão pulmonar, arritmias cardíacas sono relacionado, angina noturna, DPOC e outras.

Faz parte da avaliação diagnóstica da SAHOS, o exame otorrinolaringológico direcionado às alterações anatômicas que contribuem direta (alterações do tecido mole da faringe) ou indiretamente (mandíbula, maxilo e fossas nasais), para uma obstrução ou maior colapsabilidade da vias aéreas superiores.




TRATAMENTO

O tratamento objetiva normalizar a ventilação e a oxigenação noturna, eliminar os roncos e a fragmentação do sono.

Na SAHOS em todos os seus aspectos desde a fisiopatologia, diagnóstico e tratamento é importante à interação multidisciplinar para que o paciente receba uma abordagem mais ampla possível.

Devido à causa multifatoral e a característica evolutiva da Síndrome Apnéia/Hipopnéia Obstrutiva do Sono no decorrer dos anos, torna-se o seu tratamento complexo.

Existe o tratamento clínico comportamental e os tratamentos mecânicos executados pelos aparelhos geradores de pressão positiva de ar (CPAP/BIPAP) e através de aparelhos intraorais e tratamento cirúrgicos. Deve-se considerar alguns fatores na indicação do tratamento:

Na análise da polissonografia basal é importante observar não só o índice de Apnéia/Hipopnéia (IAH), mais também, a dessaturação de oxihemoglobina, a fragmentação do sono (microdespertares), arritimias cardíacas, hipertensão arterial noturna e movimento periódico de membros, entre outros. A ocorrência e o grau de interrupção do sono (despertares/microdespertares) relacionado aos eventos respiratórios são variáveis de paciente a paciente.
A presença de sinais e sintomas como hipersonolência diurna, hipertensão arterial sistêmica, arritimias, insuficiência cardíaca, doença isquêmica coronária e cerebrovascular entre outras, é de fundamental importância na indicação do tratamento.
Os resultados da polissonogrfia basal e com CPAP seja no laboratório ou em casa, são apenas parte do indicador para a melhor escolha do tratamento para cada paciente.



Tratamento Comportamental
Os objetivos dos tratamentos comportamentais visam a corrigir fatores predisponentes ou que piorem os distúrbios ventilatórios obstrutivo do sono.

Devem ser feitos esforços para diminuir a resistência da via aérea superior (VAS), que acarretará numa pressão inspiratória negativa menor e, portanto, num menor risco de colapso. Os objetivos são:

Identificar processos alérgicos ou infecciosos crônicos de vias aéreas superiores;
Estimular a descontinuação do uso de tabaco, que desencadeia edema e disfunção de VAS, aumentando sua resistência ao fluxo;
3.Estimular a descontinuação de drogas que alteram a função das VAS:
Álcool e barbitúricos: desencorajar o consumo à noite, pois pioram ou precipitam distúrbios ventilatorios obstrutivo durante o sono;
Benzodiazepínicos: seu uso deve ser restrito a doenças que o requeiram como medicação de primeira linha;
Pré-anestésicos: não devem ser usados em pacientes com SAHOS, ou com suspeita clínica desta;
Narcóticos e anestésicos: quando seu uso for imprescindível, os pacientes devem ter monitorização da saturação de O2; caso ocorra apnéia ou hipopnéia,estas devem ser adequadamente tratadas com CPAP;
Hipotireoidismo: seu tratamento com redução de peso e do mixedema contribui para a restauração adequada das VAS;
Obesidade: esta reduz o tamanho, altera a geometria das VAS e diminui a capacidade pulmonar. Esforços devem ser feitos para que o paciente compreenda a necessidade de emagrecer. O tratamento deve basear-se inicialmente em dietas balanceadas, mudança no estilo de vida e suporte psicológico, além do encaminhamento para um endo-crinologista, quando necessário; e até cirurgia.
Refluxo gastroesofágico: identificação e tratamento;
Modificações posturais: evitar a posição supina. Orientar o paciente a costurar um bolso no pijama com zíper ou velcro e colocar uma bola de isopor (ou similar) de 10cm no interior do mesmo. Pode-se também orientar o paciente a manter a cabeceira da cama com 30 á 60º de inclinação;
Boa higiene do sono: inclui-se neste item as condições do quarto;
Reconhecimento e intervenção precoce em condições que possa iniciar ou piorar quadros de distúrbios ventilatórios obstrutivo do sono, como: siringomielia, siringobulbia, malformações da transição crânio-vertebral, neuropatias periféricas, e miopatias tratáveis, doenças da transição neuromuscular, etc.



CPAP
É a abreviação para continuous positive airway pressure, ou seja, sistema de pressão positiva contínua das Vias Aéreas. Foi desenvolvido pelo Dr. Sullian na Austrália nos anos 80.

O CPAP é um compessor mecânico, de ar regulável em diferentes níveis de pressão. Consiste em um aparelho compressor de ar, uma máscara nasal e uma mangueira para conectar a máscara e o compessor.

O BIPAP é uma modificação do CPAP tradicional e engloba um ajuste independente das pressões inspiratórias e expiratórias, sendo mais alta na inspiração e mais baixo na expiração.

Antes de o paciente iniciar o uso do CPAP ou BIPAP, o paciente deverá ser novamente avaliado através de polissonografia realizada em laboratório do sono durante a qual se utilizará o CPAP (Videopolissonografia para titulação de PAP), a fim de determinar a pressão mínima necessária para:

Eliminar eventos respiratórios (apnéia e hipopnéia);
Eliminar a dessaturação da oxihemoglobina;
Eliminar a limitação do fluxo respiratório;
Eliminar os microdespertares (criterio da ASDA);
O CPAP funciona melhor se o nariz estiver desobstruído. Possíveis alergias, desvios de septo obstrutivos ou outras condições nasais obstrutivas devem ser tratadas.

Se o paciente achar que o CPAP está desconfortável ou ineficiente, não deve simplesmente parar de usá-lo, mas discutir o assunto com o seu médico ou clinica de CPAP , que poderá ver fatores que falilitam a adesão ao CPAP. As principais causam de não-adesão ao CPAP/BIPAP são claustrofobia; obstrução ou irritação das vias aéreas superiores; associação com outras patologias do sono; desconforto ou irritação facial pela máscara ( deve ser adequada,bem ajustada e sem vazamentos ) e pressão do fluxo aéreo ou aerofagia. A educaçao prévia sobre a doença e o CPAP e seus efeitos é um dos fatores mais significativos na adesão ao tratamento, por isso o primeiro contato do paciente com o aparelho de pressão positiva realizado na videopolissonografia para titulação do mesmo , deve ser realizado com todo cuidado e eficiência.



Aparelhos Intrabucais
Os aparelhos intrabucais (AIB) são dispositivos inseridos na cavidade bucal, usados durante o sono, com o objetivo de prevenir que a língua entre em colapso com os tecidos moles da orofaringe.

Estes exercem sua efetividade através do aumento do espaço aéreo, levando uma posição mandibular estável e/ou ao avanço da língua, e possivelmente a mudança na atividade muscular.

A correta indicação e a instalação desses aparelhos devem ser feitas por um profissional de odontologia qualificado, com conhecimentos em Medicina do Sono e em disfunção têmporo-mandibular, oclusão e estruturas associadas.

Existem basicamente dois grupos de aparelhos: os dipositivos de retenção lingual e os avançadores mandibulares.




Tratamento Cirúrgico
Tem seu valor indiscutível devido aos seus vários resultado favoráveis, porém é necessário critérios cada vez mais rígido na sua indicação, pois fatores não anatômicos podem favorecer a recorrência do ronco e mesmo dos sintomas da apnéia do sono a longo prazo.

A ausência ou pouca relevância de alterações das vias aéreas superiores ou do esqueleto facial pedem cautela na indicação do tratamento cirúrgico. Quando a cirurgia está indicada ela pode variar desde uma correção de um desvio de septo até complexos procedimentos craniofaciais. Estes procedimentos podem ser combinados ou serem realizados por fases, tornando necessária a conscientização do paciente sobre a complexidade de seu problema, pois os resultados obtidos podem não atingir o ideal, tornando necessária a sua complementação com outros métodos não cirúrgicos.

Enfim muito se progrediu nos últimos anos para compreensão deste grave problema, porém muito ainda temos de caminhar para sua solução definitiva.




Eficácia do tratamento
Como medir a eficácia dos diversos tratamentos?

A eficácia é dada por vários fatores clínicos e laboratoriais já mencionados anteriormente, sendo importante avaliar a efetividade do tratamento a longo prazo. Sugerimos avaliar o paciente de acordo com os seguintes parâmetros:

Parâmetros laboratoriais através da videopolissonografia de seguimento pós-tratamento clínico ou cirúrgico.
Redução do IAH;
Redução dos microdespertares;
Melhora da dessaturação de oxihemoglobina;
Ausência de arritimia cardíaca;
Parâmetros clínicos:
Ausência de ronco ou redução significativa deste;
Melhora no grau de sonolência diurna excessiva;
Satisfação do paciente.




Síndrome da Apnéia/Hipopnéia Central do Sono
É caracterizada por episódios recorrentes de apnéia (parada respiratória maior que 10 segundos), na ausência de obstrução das vias aéreas superior durante o sono, e, que resulta em dessaturações (queda da oxigenação nos tecidos), despertares recorrentes e hipersonolência diurna, associada a desatenção, irritabilidade, fadiga física e mental, déficit de memória, alteração do humor...

Neste casos, ocorre uma cessação completa do esforço respiratório, bem como do fluxo aéreo nasal-oral. Tal quadro pode ser decorrente de lesões que comprometem o sistema nervoso (componentes sensorial e/ou motor), ou as vias responsáveis pelo controle respiratório; lesões autonômicas como Diabetes, Uremia Crônica (Insuficiência Renal), Poliomielite; Miastenia Gravis; Esclerose Lateral Amiotrófica, Miopatias, entre outras.
Para diagnóstico deste quadro há necessidade da realização de video-polissonografia de noite inteira, e, o tratamento, dirigido para o fator causal da mesma.






Síndrome do Aumento da Resistência das Vias Aéreas Superiores (RERA)
Caracteriza-se por uma anormalidade respiratória durante o sono, associado com hipersonolência diurna não justificável por qualquer outra causa, inclusive apnéia obstrutiva do sono. Neste quadro, o esforço respiratório aumentado resulta num índice de despertar maior que 10 eventos por hora de sono. Ocorre um estreitamento parcial do calibre da faringe durante o sono, associado com um aumento da pressão negativa intratorácica, acompanhada de esforços respiratórios aumentado e microdespertares.

Tal quadro é encontrado principalmente em indivíduos obesos, com aumento da circunferência cervical, roncadores, e, com preponderância acima dos 40 anos sendo, portanto, exacerbadas com o progresso da idade. Os sintomas clínicos são similares ao de Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono, e, seu diagnóstico, confirmado através da polissonografia de noite inteira (índice de despertares maiores que 10/hora precedidos por aumento do esforço respiratório documentado pelo registro da pressão intra-esofágica na negativa na inspiração). O tratamento deve ser orientado pelo médico.

Fonte: neurosono.com.br

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Quem sou eu

Joinville, Santa Catarina, Brazil
Por Ricardo Toscano, Cirurgião-Dentista graduado pela Unifal, especialista em odontologia do trabalho pela UFSC, mestre em odontologia area de concentraçao em implantodontia cirurgica/protetica pelo Instituto latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontologico,reabilitador oral clinico. Responsável técnico pelo Instituto Odontologico Toscano. Notícias,ferramentas e artigos na área de Reabilitação Oral com ênfase na interdisciplinaridade e multidisciplinaridade.