terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Disturbios do sono e a odontologia

Sonilóquios
Falar durante o sono, consistindo na vocalização de sons, sílabas e frases, geralmente ininteligíveis e desconexas. Geralmente não acarreta em prejuízo para o paciente, a não ser quando falar durante o sono possa criar situações de constrangimento para o paciente. Este distúrbios ocorre no estágio 1 do sono-REM.


Sonambulismo
Consiste na execução de comportamentos motores durante o sono, desde sentar-se no leito, levantar-se e até deambular. Da mesma forma que o sonilóquio, não requer tratamento medicamentoso sendo, porém, fundamental a orientação do paciente e dos familiares, principalmente quanto ao risco que este quadro oferece aos acidentes.

O familiar deve tentar levar o paciente de volta para a cama. O local em que o sonâmbulo dorme deve ser seguro para evitar a ocorrência de acidentes. O sonambulismo ocorre nos estágios 3 e 4 do sono-REM, sobretudo neste último.


Terror noturno
São episódios de agitação e aparenta medo ou terror originando-se abruptamente durante o sono, em que o indivíduo encontra-se irresponsivo ou parcialmente responsivo ao estímulo ambientais. Caracteriza-se por conduta aguda de agitação e tentativa de sair da cama ou do quarto.

Manifestações autonômicas podem incluir, taquicardia, midríase, ruborização e sudorese. Extrema agitação pode induzir injurias: o indivíduo pode pular da janela ou cair da escadaria e pode reagir violentamente à tentativa de restrição por terceiros. Estes episódios são mais comuns em crianças com idade variada de 4 a 10 anos; só aproximadamente 1 a 2% das crianças entre as idades de 6 a 14 anos apresentam terror noturno; entretanto, início na vida adulta pode ocorrer. Nestes casos, o indivíduo não faz referência a sonhos ou pesadelos e freqüentemente não se recorda do episódio no dia seguinte. O terror noturno ocorre no estágio 4 do sono-REM.


Enurese noturna
Micção involuntária durante o sono. Primária, quando há persistência episódios após os 5 anos de idade, sem se ter conseguido o controle noturno. Secundária, quando ocorre aparecimento de micção noturna involuntária em crianças que já tiveram o controle da mesma durante seis meses.

Na enurese secundária, deve-se excluir lesões urológicas, neurológicas, metabólicas e psiquiátricas. Esta parassônia ocorre durante o sono de ondas lentas, desde o estágio 1, até o estágio 4.


Estado confusional do despertar
Caracteriza-se pelo despertar acompanhado de estado confusional e desorientação. Costuma ocorrer na primeira metade da noite. Durante o despertar o indivíduo está desorientado, confuso, e lento para falar ou responder.

Conduta inapropriada e incerta pode ser acompanhada por gemido e vocalizações incorrentes ou despropositadas, e alguns indivíduos tornam-se agitados ou violentos, especialmente durante tentativa de despertar por terceiros. Apesar dos episódios usualmente durar uns poucos minutos ou segundos, ocasionalmente podem durar até 10 minutos ou mais, durante o qual é difícil ou impossível despertar o indivíduo.

Apesar dos episódios tenderem a tornar se menos freqüentes com a idade, alguns adultos jovens, têm episódios várias vezes por semana. Os fatores precipitantes podem ser: privação de sono, distúrbios do ritmo circadiano e administração de drogas, como benzodiazepínicos e álcool. Também pode ser observado em pacientes com sonolência excessiva, como nos casos de apnéia do sono. Esta é uma parassônia do estágio 4 do sono de ondas lentas (sono-REM).



Distúrbio Comportamental do sono-REM (período de sonhos)
Caracteriza-se por comportamento violento ou desorganizado que aparece durante o sono-REM, com perda intermitente do tônus muscular na EMG, com atividade motora elaborada associada aos sonhos. Inicia-se na sexta ou sétima década da vida, sendo mais freqüente nos homens. A polissonografia mostra ausência intermitente de atonia muscular, com espasmo muscular das extremidades, com freqüência maior que a observada durante o sono-REM normal, movimentos corporais, comportamento complexo, e, por vezes, violentos. A arquitetura do sono é normal. O diagnóstico diferencial deve ser feito com terror noturno, sonambulismo, distonia paroxísticas noturna, apnéia e crises epilépticas.


Pesadelos
São sonhos com forte conteúdo emocional, geralmente de caráter angustiante que ocorrem durante o sono-REM e levam ao despertar. Geralmente decorrem de conflitos emocionais, porém, podem ocorrer em diversas enfermidades ou após uso de drogas ou medicamentos que atuam no sono-REM. Tendem a diminuir com a idade e parecem ter um componente familiar. Os fatores precepitantes podem ser: estado emocional, rebote do sono-REM, drogas dopaminérgicos e retirada de drogas supressores do sono-REM (benzodiazepínicos). Não trazem conseqüências, quando ocorrem esporadicamente, porém, requerem tratamento quando freqüentes.

Paralisia do sono
Decorre na persistência da atonia após o despertar do sono-REM. É a sensação de não conseguir movimentar o corpo que ocorre geralmente após o despertar. Pode ocorrer esporadicamente não constituindo anormalidade, porém, pode fazer parte da Síndrome Narcoléptica.



Alucinações hipnagógicas
Ocorre geralmente no despertar ou no adormecer e se caracteriza por alucinações visuais ou auditivas, como se estivesse sonhando acordado. Decorre na persistência de sensações oníricas após o despertar. Assim como a paralisia do sono pode ocorrer sem indivíduos normais ou fazer parte da Síndrome Narcoléptica.


Bruxismo
Distúrbios de movimento estereotipado, caracterizado pelo ranger ou apertar dos dentes durante o sono. Pode ser observado em duas formas: o apertamento ou bruxismo cêntrico, caracterizado por episódios isolados de atividade muscular e o ranger de dentes, ou bruxismo excêntrico, com contrações rítmicas dos músculos mastigatórios, ou a combinação desses dois tipos. O bruxismo produz sintomas musculares, cefaléias e desgaste dental. O tratamento pode ser feito com placas intra-orais ou o uso de relaxantes musculares ( sob orientação). Este quadro pode ocorrer em todos os 4 estágios do sono-NREM, sobretudo nos estágios 2 e 1.



Observação 1
As parasônias tem uma preponderância na infância e adolescência, com tendência a desaparecerem espontaneamente no adulto jovem, após os 18 a 20 anos, sendo que uma pequena proporção persistem após esta faixa etária, e estas, geralmente requerem tratamento.


Observação 2
As parassônias não costumam levar a danos cognitivos (mentais) com perdas na capacidade de aprendizagem, atenção, concentração ou no trabalho, nos habitualmente, geram apreensão nos familiares, daí, a necessidade de esclarecimento destes da benignidade do quadro, e da sua evolução material para o desaparecimento, associado à maturação cerebral que ocorre em torno dos 14 a 18 anos de idade. Devendo ser tratadas apenas casos particulares, onde ocorre incômodo do sócio ou sócia de quarto, ou quando o mesmo corre risco de acidentes ou de vida, por possíveis exposições à escadarias, janelas sem proteção, variar muito de ambientes de sono.


Fonte :neurosono.com.br

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Quem sou eu

Joinville, Santa Catarina, Brazil
Por Ricardo Toscano, Cirurgião-Dentista graduado pela Unifal, especialista em odontologia do trabalho pela UFSC, mestre em odontologia area de concentraçao em implantodontia cirurgica/protetica pelo Instituto latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontologico,reabilitador oral clinico. Responsável técnico pelo Instituto Odontologico Toscano. Notícias,ferramentas e artigos na área de Reabilitação Oral com ênfase na interdisciplinaridade e multidisciplinaridade.