quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Fadiga crônica

A síndrome da fadiga crônica é caracterizada por uma fadiga prolongada e debilitante, com múltiplos sintomas inespecíficos e não obrigatórios como dor de cabeça, dor de garganta recorrente, gânglios na região cervical, sono interrompido, dores nos músculos e nas juntas e distúrbios de memória. O primeiro sinal é uma declarada fadiga que vem inesperadamente ou que evolui lentamente e de uma maneira implacável, com cansaço ou exaustão em alguém que não teria nenhuma razão aparente para se sentir dessa forma.
Descrição

Síndrome da Fadiga Crônica não caracteriza uma doença mas sim uma síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas. O primeiro sinal é uma declarada fadiga que vem inesperadamente ou que evolui lentamente, um cansaço ou uma exaustão em alguém que não teria nenhuma razão aparente para se sentir dessa forma. Freqüentemente encontramos também outros sintomas como, por exemplo, alterações do sono, depressão, dores, distúrbios intestinais, dores de garganta, linfonodos cervicais e febre leve.

Quais são os sintomas da síndrome?
O que pode causar a fadiga muscular?
De onde provém a energia muscular?
Quais são as causas da síndrome da fadiga crônica?
Quanto tempo pode durar a síndrome da fadiga crônica?


Quais são os sintomas da síndrome?

Muitos órgãos podem ser afetados em uma síndrome e a pessoa com fadiga crônica pode apresentar muitos sintomas como:

Necessidade de aumentar o esforço para manter o mesmo nível de força: corresponde a um dos primeiros sintomas e ocorre devido a uma atividade deficiente dos músculos dos quais depende o esforço físico;
Dor muscular (mialgia): é também comum e pode ser decorrente de um déficit de energia para o funcionamento da musculatura. Está muito relacionada ao esforço e, é um mecanismo de defesa do músculo para evitar sua lesão.
Distúrbios intestinais: prisão de ventre, diarréia etc.;
Alterações psíquicas: não são raras e podem estar relacionadas a algum comprometimento cerebral, o principal sintoma é a depressão;
Dores de garganta e febre baixa por longos períodos que podem ser acompanhados pela presença de gânglios sensíveis (linfonodos). Sugerem a existência de um processo inflamatório que poderia, talvez, ser a causa da síndrome;
Sono interrompido várias vezes à noite e não restaurador (o paciente acorda cansado);
Distúrbios da memória: sugere que o paciente não atinge uma das fases do sono normal, em que tanto a memória como outras funções cerebrais se reorganizam. Este último fato está bem comprovado, pois existe necessidade de certo repouso para que os vários estímulos recebidos pelo cérebro possam ser classificados, localizados e aproveitados, ou não, para o futuro;
Fibromialgia: dores intensas em todo o corpo, verificadas pela presença de pontos muito dolorosos, em determinados locais, presente em 50% dos casos de fadiga crônica.


O que pode causar a fadiga muscular?

A fadiga muscular ocorre certamente devida a alterações em vários mecanismos, que podem não estar relacionados a problemas primariamente musculares. As fibras nervosas motoras, por exemplo, que vão provocar a contração dependem de estímulos oriundos do cérebro.

Para que o processo ocorra normalmente, é necessário que:

não exista uma falha no número ou intensidade desses estímulos para provocar a contração muscular.
a membrana do músculo (membrana sarcolêmica) esteja em condições normais.
o músculo receba energia suficiente, não apenas para provocar a contração, como também a descontração das fibras musculares.
A fadiga é um sintoma comum de diversas doenças, tais como miastenia, anemia, problemas cardíacos e pulmonares, hipotireoidismo, déficit de potássio, Doença de Lyme (Borrelia Burgdorferi) e doenças virais - fadiga post viral - como hepatite B e C, brucelose, toxoplamose, herpes, HIV e ou outras.



De onde provém a energia muscular?

A energia muscular é liberada através da quebra do ácido adenosintrifosfórico (ATP), que é formado no metabolismo de hidratos de carbono (glicose ou açúcares), gorduras e proteínas, encontrados nos alimentos.

No interior da célula muscular, existem corpúsculos denominados mitocôndrias, responsáveis pela respiração celular e fundamentais para a produção da energia celular. O mecanismo de produção de energia é complexo e envolve várias enzimas, como a fosforilase e a fosfofrutokinase, e outras substâncias, como os ácidos láctico e pirúvico. A falta ou excesso de algum desses componentes pode alterar todo processo.



Quais são as causas da síndrome da fadiga crônica?

A síndrome da fadiga crônica não tem ainda causa confirmada. Existem diversas teorias sendo investigadas, dentre as quais a doença ser desencadeada por um agente infeccioso, ser decorrente de uma resposta do sistema imune, entre outras.

Para explicar a presença de tantos sintomas, Gay Goldstein em 1993, publicou um livro sugerindo que uma lesão situada na região límbica do cérebro poderia ser responsável pelos sintomas da SFC. Esse trabalho sugere também que várias seriam as etiologias da SFC, desde que a lesão esteja presente na região límbica do cérebro, seja ela desmielizante, infecciosa, neoplásica, paraneoplásica ou anóxica. O autor verificou ainda que a região límbica tem alta densidade de receptores de serotonina, substâncias relacionadas à dor e à depressão e que exerce grande modulação dos opióides endógenos, também muito relacionados à dor

Quanto tempo pode durar a síndrome da fadiga crônica?

Segundo estudos realizados, quando não for encontrada uma causa para a fadiga crônica, a afecção costuma durar em média 37 a 53 meses.

Diagnóstico

Como diagnosticar a síndrome da fadiga crônica?
Como diagnosticar as doenças causadoras da fadiga?
Como diagnosticar alterações no processo de produção de energia?


Como diagnosticar a síndrome da fadiga crônica?

Não existe um teste laboratorial que indique a síndrome da fadiga crônica. O seu diagnóstico é feito por exclusão. Deve-se antes procurar as causas já conhecidas de fadiga, para verificar se o paciente não tem um dos diagnósticos conhecidos para explicar seus sintomas.

O diagnóstico de Fadiga Crônica pode ser feito nos casos em que a queixa de fadiga intensa, acentuada à medida que o paciente movimenta os músculos, persiste por no mínimo seis meses.

Não devemos confundir fadiga com perda da força muscular, como acontece na polirradiculoneurite (doença dos nervos periféricos) ou na hemiplegia (paralisia de um dos lados do corpo) decorrente de um derrame cerebral. Nesses casos, a pessoa vai apresentar fraqueza muscular, e não fadiga.



Como diagnosticar as doenças causadoras da fadiga?

O histórico do paciente e o exame neurológico já podem levar, inicialmente, à suspeita de uma miastenia (diminuição da força muscular), que será comprovada especialmente pela eletroneuromiografia e pela terapêutica de prova (uso de remédios que melhoram a doença).

A contagem de glóbulos vermelhos poderá mostrar uma anemia como a causadora da fadiga, pois o déficit de oxigênio vai diminuir a capacidade de produção de energia.

Um problema cardíaco ou pulmonar irá também diminuir a quantidade de oxigênio no sangue: basta lembrar a fadiga dos viciados em cigarros.

O exame endocrinológico poderá mostrar, por exemplo, a fadiga existente nos déficits de potássio, seja por déficit na alimentação, seja devido ao uso de diuréticos ou a diarréias. É importante ressaltar que o potássio só deve ser controlado por médicos, pois tanto o excesso como o falta dessa substância podem levar a conseqüências gravíssimas.

A energia muscular depende de nossa alimentação, assim como da absorção da comida ingerida. Regimes alimentares mal conduzidos, ou afecções do sistema digestivo poderão conduzir à fadiga. Desse modo, dosagens no soro de proteínas e suas frações, assim como provas de função hepática e pancreática são também importantes.

Os estudos de anticorpos antivirais, ou mesmo relativos a outras enfermidades, são importantes. Acredita-se que a própria Síndrome da Fadiga Crônica seria causada por alterações secundárias a essas afecções, enquadrando-a no grupo chamado Fadiga pós-viral, incluindo aqui também infecções não virais.

A mais estudada entre essas últimas é a fadiga pós-doença de Lyme, causada por uma borrélia. Esses processos infecciosos poderiam não matar as células responsáveis pela produção de energia, mas apenas diminuir sua capacidade de modo mais ou menos intenso.

O exame psicológico é absolutamente necessário em todos os casos. Mais de 30% dos pacientes fatigados apresentam apenas problemas de ordem psicológica. Por outro lado, a síndrome da fadiga crônica pode ser acompanhada por depressão desde o início, ou essa depressão pode mesmo ser ocasionada pela fadiga.

O teste cardiopulmonar com exercício pode também ser muito útil para verificar as causas de uma fadiga. Ele é extremamente complexo e mostra o oxigênio gasto, o gás carbônico eliminado e o quociente respiratório, além de vários outros fatores.



Como diagnosticar alterações no processo de produção de energia?

Através de exames, como por exemplo, de dosagem do ácido láctico e pirúvico, tanto em repouso como após exercícios realizados em condições aeróbicas e anaeróbicas. A biópsia muscular com histoquímica (processo químico usado para corar células) pode mostrar deficiência de enzimas como a fosforilase e a fosfofrutokinase.

Como a energia muscular pode ser obtida ainda através do metabolismo das purinas, o estudo desse metabolismo pode ser útil para sugerir déficit de energia, que será confirmado em uma biópsia muscular com histoquímica, para verificar um déficit de mioadenilato desaminase, enzima fundamental para que esse mecanismo energético se complete.

Se ocorrer comprometimento das mitocôndrias, que constituem "usinas produtoras da energia muscular", a dosagem de ácido láctico, aumentado já no repouso, ou muito aumentado após esforço muscular em condições aeróbicas, pode ajudar no diagnóstico. Por outro lado, a biópsia muscular com histoquímica com métodos próprios (Tricomio de Gomori modificado-SDH e NADH) e, principalmente, com microscopia eletrônica, podem confirmar o diagnóstico.

Tratamento

Como é o tratamento?
Qual é a importância do acompanhamento psicológico?
Como é o prognóstico da Fadiga Crônica?


Como é o tratamento?

A Síndrome da Fadiga Crônica não tem causa ou mecanismo conhecidos, portanto seu tratamento não é bem determinado.

Não existe um medicamento específico para a síndrome da fatiga crônica mas o tratamento sintomático pode ser útil, utilizando-se analgésicos e anti-inflamatórios não esteróides para combater as dores musculares, nas juntas, a febre, a dor de cabeça.

Quando os exames realizados comprovarem uma causa para a fadiga verificada, o tratamento dependerá do que foi encontrado.

Exercícios lentamente progressivos são muito relevantes e mesmo necessários.

Segundo estudos realizados, quando não for encontrada uma causa para a fadiga crônica, a afecção costuma durar em média 37 a 53 meses.



Qual é a importância do acompanhamento psicológico?

Na grande maioria dos casos, um apoio por psicólogo ou psiquiatra será útil. A doença é debilitante em todos pacientes e alguns casos são acompanhados de depressão.

Os pacientes precisam tanto de tratamento sintomático como de suporte emocional.



Como é o prognóstico da Fadiga Crônica?

O prognóstico não é mau, havendo porém grande necessidade de apoio do psiquiatra e também da família, que não deve permitir que o paciente se entregue ou se alimente mal.

É importante que o paciente seja otimista quanto à sua recuperação, siga uma dieta balanceada e colabore na fisioterapia bem orientada, sem grandes esforços.

É imprescindível que o paciente colabore no tratamento.


Fonte :emedix . Prof. Dr. José Antônio Levy

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Quem sou eu

Joinville, Santa Catarina, Brazil
Por Ricardo Toscano, Cirurgião-Dentista graduado pela Unifal, especialista em odontologia do trabalho pela UFSC, mestre em odontologia area de concentraçao em implantodontia cirurgica/protetica pelo Instituto latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontologico,reabilitador oral clinico. Responsável técnico pelo Instituto Odontologico Toscano. Notícias,ferramentas e artigos na área de Reabilitação Oral com ênfase na interdisciplinaridade e multidisciplinaridade.