segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ISO-RH para o colaborador

ISO-RH para o colaborador.
Qualidade de Vida - Artigos
por Luiz Roberto Fava
18-Jan-2006
Novas tecnologias ... Globalização ... Tudo muito rápido. É assim que o mundo atual caminha. O progresso tecnológico tem feito indústrias e empresas trabalharem com mais qualidade no que diz respeito aos seus serviços e produtos. Para serem competitivas ou melhor, hiper-competitivas, faz-se necessário que seus produtos e serviços sejam reconhecidos por algum órgão internacional, o que vai facilitar seu comércio em outros mercados.

Parabéns! Sua empresa recebeu uma certificação ISO.

Em mercados competitivos, a qualidade dos produtos e serviços é fundamental. No Brasil, cerca de 8000 empresas já receberam alguma versão ISO, enquanto, no mundo, já são cerca de 562000 certificados emitidos.

Mas, como estará o outro lado? Se o selo de qualidade é útil para que a empresa viva e sobreviva dentro de uma trajetória competitiva, ele também implica em um comprometimento cada vez maior de seus colaboradores para atender as metas que tal certificação exige. Segundo a psicóloga Ana Maria L. França, "vive-se uma guerra de metas no interior das companhias".

Cumpre ressaltar que de nada adianta o certificado ISO se a empresa não mudar sua maneira de gerir seu negócio, principalmente passando a ver seus colaboradores como seres humanos e não como peças da produção ou da prestação de serviços. O ISO, de per si, é insuficiente para causar mudanças importantes em uma companhia.

Enfim, todo este processo pode causar nos colaboradores uma diminuição das atividades físicas, do seu lazer e de sua qualidade de vida como um todo. Isto poderá acarretar o desenvolvimento e/ou o aumento de hábitos deletérios para a saúde, como tabagismo, alcoolismo e o uso de tranqüilizantes e outras drogas, lícitas ou não.

Também podem ser citadas doenças como diabetes, hipertensão, obesidade, lesões por esforço repetitivo (LER), asma ocupacional, desordens mentais e morte súbita.

Aliado aos fatores acima descritos, a falta de concentração e a morosidade na realização de tarefas acabam diminuindo o rendimento profissional, o que afeta de forma negativa sua carreira e o desempenho global tanto de sua equipe como de sua empresa. Mas, o desenvolvimento de níveis elevados do estresse negativo (distress) talvez seja o fator mais significativo em todo este quadro.

Finalmente, aumentam os níveis de absenteísmo e de presenteísmo, o que gera prejuízos tanto para o colaborador como para a empresa.

Os prejuízos para o colaborador incluem:
afastamento, mesmo temporário, do emprego;
risco de perda do emprego;
imobilização de um familiar em casa para acompanhar nas visitas ao médico e ajudar no tratamento;
queda no rendimento e na produtividade;
problemas emocionais causados pelo quadro clínico atual.
Já para a empresa, os prejuízos traduzem-se em:

apoio ao colaborador;
perda de horas de trabalho;
perda material provocada pela substituição, mesmo temporária, do colaborador doente;
redução da produtividade pelo colaborador substituto;
custo de seleção, contratação e treinamento do substituto;
custo de demissão do substituto, no retorno do colaborador;
diminuição da produtividade, temporária ou não, do colaborador recuperado.
Dentre as várias causas que podem gerar riscos à saúde, podem ser citadas:

administradores autoritários e autocráticos;
um ou vários chefes;
ausência de líderes;
aumento da competitividade;
falta de um ambiente saudável (superlotação, má ventilação e má iluminação,etc);
prazos irreais e demandas excessivas;
sobrecarga de trabalho (produção máxima em tempo mínimo);
assédio moral;
assédio sexual;
violência psicológica (amedrontamento, ofensas e intimidações por parte de colegas e chefes, intrigas e fofocas);
medo de ficar desempregado;
"puxações de tapete";
medo de não cumprir a tarefa;
falta de motivação (síndrome do burnout - não fazer o que gosta).
Todas estas causas podem gerar inúmeros efeitos sobre os aspectos físicos, mentais e emocionais do indivíduo, tais como: intranqüilidade, excesso de preocupação, descuido da aparência, baixa auto-estima, vários tipos de doenças, angústia, dificuldade no relacionamento pessoal e profissional, redução na produtividade, redução na qualidade do trabalho realizado, faltas ao trabalho, aumento do número de acidentes e erros, discussões ou demonstrações de irritabilidade, comentários maliciosos sobre outros funcionários, desconfiança, atrasos constantes, estado de humor sempre negativo, dificuldade de concentração, estado de alerta constante, dificuldade para dormir e relaxar, depressão, vontade de "se enfiar em um buraco e sumir" e tantas outras.

O que não deve ser esquecido é que existem profissões que apresentam maiores riscos de estresse do que outras, assim como existem pessoas mais predisponentes ao estresse do que outras. Entre as profissões mais estressantes podem ser citadas: policiais, controladores de vôo, motoristas de ônibus urbanos, profissionais de saúde, executivos, bancários, mergulhadores de poços de petróleo e indivíduos que trabalham em área diferente daquela para a qual se formaram.

Francisco Lemos afirma que a gravidade dos fatores do estresse são três:

as características formais das exigências do ambiente;
a qualidade das respostas emocionais geradas no indivíduo para encarar estas exigências
o processo de enfrentamento utilizado pelo indivíduo na troca estressante, sendo o fator-chave a interpretação, a avaliação ou o julgamento que a pessoa faz do evento estressante.
Para mais, o autor afirma que:

o excesso de trabalho, como gerador de estresse, vai depender do potencial individual do colaborador e dos recursos de enfrentamento. Quanto mais hábil para enfrentar, menos estresse;
o tipo de trabalho, ao longo do tempo, provoca uma sobrecarga no indivíduo. Quanto maior o esforço que o trabalho exige, maior a probabilidade de estresse;
a maneira de exercer o trabalho é a mais significativa. Depende mais do indivíduo do que o trabalho em si.
Nos Estados Unidos, 90% dos colaboradores já passaram por uma situação altamente estressante.No Japão, o país mais estressado do mundo, 10000 colaboradores morrem anualmente por excesso de trabalho. Estima-se que nos países industrializados, 51% das doenças degenerativas tem origem nas causas acima relatadas. Nas empresas, elas respondem por 70% da incidência de doenças e 50% dos gastos com assistência médico-hospitalar. Em uma pesquisa realizada pela Mercer Human Resourse Consulting mostrou que, das 335 empresas pesquisadas, 35% delas direcionavam apenas 9% da folha de pagamento para as despesas de saúde.

Entretanto, este quadro já está mudando. Muitas corporações já estão investindo no desenvolvimento de programas de saúde dirigidos a seus colaboradores, buscando uma melhor performance, menor índice de absenteísmo e de presenteísmo e redução de despesas. As empresas estão percebendo que o seu maior patrimônio reside nas pessoas que trabalham com elas e para elas e que somente a capacitação intelectual de seus colaboradores não é o bastante.

Nos dias de hoje, muitas empresas estão investindo na saúde de seus colaboradores, com resultados altamente satisfatórios. Tanto a empresa como seus funcionários acabam lucrando com esta mudança.

Para a empresa, o lucro traduz-se em aumento da produtividade, deminuição de absenteísmo e do presenteísmo, diminuição do número de acidentes, diminuição do turn over e redução das despesas médicas. Já, para o colaborador, os benefícios são: alívio do estresse, melhoria da postura, ter seu interesse despertado para a prática de hábitos saudáveis, maior interesse para a prática de alguma atividade física, alívio de dores musculares, mais disposição e maior motivação para o trabalho, melhoria no relacionamento interpessoal e maior poder de concentração.

Estima-se que nas empresas o desenvolvimento de um programa direcionado à saúde propicie um retorno financeiro de 3 a 5 vezes sobre a verba aplicada na implantação de tal programa.

A Dupont (Estados Unidos) já implantou mais de dez programas direcionados à saúde e qualidade de vida de seus colaboradores. Conseguiu uma diminuição de 13% nos custos de assistência médico-hospitalar após um ano. A General Electric (Estados Unidos) já atingiu um retorno financeiro de 6 para 1, empregando programas relacionados aos aspectos físico-mentais, sociais e ambientais. Empresas nacionais, como o grupo Pão de Açúcar, Elektro, Natura e outras tantas, já adotaram programas direcionados à saúde global de seus colaboradores.

Um programa completo para ser implantado sempre parte de um diagnóstico para ser adequado à realidade da empresa e de seus colaboradores. Isto pode incluir:

ginástica laboral, exercícios de aquecimento, alongamento e relaxamento realizados antes, durante e após o expediente;
condicionamento físico, visando uma mudança no estilo de vida, redução dos fatores de risco à saúde e desenvolvimento da capacidade física geral dos indivíduos;
ginástica para executivos, exercícios de condicionamento físico para pequenos grupos de forma personalizada;
avaliação física, junto com o exame médico, com o objetivo de avaliar a condição física atual para compara-la com as avaliações posteriores;
palestras relacionadas aos temas como benefícios que podem ser conseguidos com a atividade física, mudanças no estilo de vida e melhoria da qualidade de vida;
sala de fitness, instaladas no espaço físico da corporação com o intuito de melhorar o condicionamento físico dos colaboradores;
realização de eventos esportivos e de lazer, objetivando a aproximação das pessoas, melhoria nas relações humanas e integração entre os diferentes setores da empresa;
práticas esportivas, onde os colaboradores poderão se iniciar em esportes como futebol, vôlei, tênis, etc.
Outros tipos de tratamentos relaxantes já se tornaram rotineiros em várias empresas.

Hoje em dia, várias clínicas, esteticistas e empresas já prestam serviços diretamente em corporações para aplicar terapias antiestresse nos colaboradores. Estes tratamentos incluem: vários tipos de massagem (massagem, quick massage,shiatsu, anma), sessões de RPG (Reeducação Postural Global). reflexologia, reiki, cromoterapia, aromaterapia, escalda-pés em um mini-ofurô, ioga e meditação. Já, os serviços estéticos incluem manicure, pedicure, drenagem linfática facial e corporal e ultra-som para combater a celulite.

ependendo do diagnóstico final, poderão integrar a equipe destes programas outros profissionais, como psicólogos e nutricionistas.

Também deixo algumas sugestões para que cada colaborador possa melhorar seu rendimento:

buscar o equilíbrio e evitar os excessos;
desenvolver uma auto-estima positiva;
ser honesto com os próprios sentimentos, comportamentos e pensamentos;
trabalhar de forma satisfatória e investir nisso;
ter uma vida com mais tempo para a família;
ter uma filosofia de vida coerente; e,
respeitar os limites e limitações impostas pelo tempo, espaço, corpo, consciência e pela vida em si.
Uma certificação deve trazer mudanças administrativas, gerenciais e de recursos humanos. Tais mudanças organizacionais são fundamentais para que haja melhorias nos seus produtos e serviços assim como melhorias nos aspectos físicos, mentais e emocionais de seus colaboradores.

Por fim, faço a seguinte sugestão para empresas certificadas e que tenham desenvolvido programas de atenção à saúde de seus colaboradores. Se o resultado foi positivo e houve o retorno esperado, que esta empresa parabenize e forneça um certificado ISO-SH para cada funcionário que atingiu os objetivos visados.

Um ISO para Seres Humanos que, afinal, todos nós somos.

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Quem sou eu

Joinville, Santa Catarina, Brazil
Por Ricardo Toscano, Cirurgião-Dentista graduado pela Unifal, especialista em odontologia do trabalho pela UFSC, mestre em odontologia area de concentraçao em implantodontia cirurgica/protetica pelo Instituto latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontologico,reabilitador oral clinico. Responsável técnico pelo Instituto Odontologico Toscano. Notícias,ferramentas e artigos na área de Reabilitação Oral com ênfase na interdisciplinaridade e multidisciplinaridade.