quinta-feira, 9 de outubro de 2008

 O ACIDENTE DETRABALHO ACONTECEU:  E AGORA?

 

 

 


 


Tão importante quanto as medidas preventivas de acidentes são as medidas de minimização das consequencias do acidente. Lamentavelmente muitos profissionais e empresas ainda não entendem que as medidas pós acidente devem fazer parte do Programa de Segurança  do Trabalho. Alguns colegas chegam a dizer que soa estranho que um prevencionista atue neste extremo; Costumo dizer a estes que se temos os olhos atentos a taxa de gravidade com certeza entenderemos bem o quanto as medidas de minimização são importantes já que á extensão de lesão ou dos danos esta diretamente ligada a quantidade de dias perdidos ou debitados como todos sabem estes fazem parte da Taxa de Gravidade. Ao mesmo tempo – na relação da empresa  com as autoridades – interdição, descontinuidade das operações e com a comunidade – meios de comunicação, clientes, etc. – a diferença entre um acidente apenas com lesões ou morte, com incapacidade temporária ou definitiva – é fundamental. Obviamente dispensa comentar aqui o aspecto humano do assunto. 


 


 


Vale também abrir um parênteses na direção da questão das ações de ressarcimento que a cada dia ganham mais espaço e em muitos dos casos – dependendo do tamanho da empresa – podem consumir recursos essenciais a sobrevivência do negócio. Em suma, em todos os aspectos a observação das medidas de minimização são por demais importantes para serem tratadas secundariamente. Um bom Programa de Segurança teve sem dúvida ter como parte essencial um bem estuado e testado programa de minimização. 


 


UM POUCO DE TEORIA 


 


Aprende-se nas boas e raras escolas de prevenção – que as oportunidades de controle estão classificadas em controle de pré contato, controle de contato e controle de pós contato. Para quem não está muito familiarizado com tais termos é importante deixar claro que nesta linha de raciocínio ACIDENTE é resultado do contato com uma substância ou energia acima da capacidade limite do corpo humano. De forma grosseira poderíamos dizer aqui que também para os agentes mecânicos existe algo assim como uma série de limites de tolerância. Evitar os contatos ou mantê-lo dentro de tais limites é a arte da prevenção. 


 


Na fase do pé contato desenvolvemos toda a ordem de coisas para evitar os riscos. Sem dúvida alguma é a fase mais interessante, no entanto a experiência mostra que nem sempre viável – algumas vezes tecnicamente – em muitos casos economicamente – em especial nos países em desenvolvimento. 


 


Na fase do contato em si reside boa parte do nosso trabalho. Toma-se por premissa que ocorrerá o contato do corpo humano com a substância ou fonte de energia e que devemos tomar ações para que estes contatos ocorram dentro dos limites suportáveis – seja reduzindo a intensidade da energia ou aumentando a capacidade do corpo humano através das medidas de proteção. 


 


Segue-se então a preocupação e a fase de pós contato, onde nada mais faremos do que nos preocuparmos em diminuirmos a extensão das lesões ou perdas. 


Importante notar que esta fase pode fazer muita diferença em certos casos de acidentes. 


 


 


UM CASO INTERESSANTE 


 


Tudo na vida é evolução! O que evoluiu morreu e perdeu-se no tempo e esta regra continua valendo. Evolução é podermos hoje ao andar pelas ruas notas que mesmo nas pequenas obras já é possível ver operários utilizando segurança. Dentro das empresas então nem se fala Bom notar que a prevenção evoluiu e o numero de mortes por quedas de diferentes nível certamente diminuiu. Podemos afirmar assim, que neste caso ocorreu um processo de evolução. No entanto, não podemos parar ai: Evolução é algo continuo! Isso não é tudo. 


 


Há cerca de dois anos fui assistir treinamento feito por um francês especialista em trabalhos em altura. Muito interessante todo equipamento e método apresentado. Bastante interessante quando em dado momento ele afirma que operários que ficam presos em altura por cintos de segurança após terem sido projetados em quedas necessitam ser retirados o mais breve possível visto que as partes inferiores do cinto quando tencionadas dificultam a circulação sangüínea para os membros inferiores. Citou lá inclusive o número de minutos em que isso deve ocorrer. De lá para cá venho perguntando as pessoas: - Qual seu planejamento para retirar um empregado que fique preso pelo cinto em altura? Que respostas obtenho? Em muitos casos me dizem assim: - Chamo o corpo de bombeiros. E  muitos que dizem isso trabalham em cidades ou localidades onde não existe o corpo de bombeiros – vão depender do socorro que vira de uma cidade vizinha ou algo assim.Outros dizem assim: - Subimos lá tiramos – e acabo ficando quieto porque olhando para a estrutura nota-se que ninguém vai mesmo lá e se o fizer vai ocorrer mais riscos ainda. Enfim, notem que o planejamento do trabalho em altura termina mesmo na realização do trabalho e se portanto algo der errado ... na hora vamos ver o que fazemos. Isso nada tem de prevenção. 


 


 


PENSANDO NO DEPOIS 


 


De postos de trabalhos, sejam eles fixos ou temporários, tome por habito perguntar-se: Se houver aqui um acidente ou ocorrer um mal súbito como irei socorrer esta pessoa? Em muitas vezes verá que a resposta cria uma situação embaraçosa; Conheço diversos locais de trabalho onde existem os famosos mezaninos; Em muitos deles são feitas operações que implicam em riscos e perigos. Estranhamente não há qualquer forma de acessar estes locais mesmo que seja como uma maca portátil visto que a mesa pode até entrar desmontada, mas depois de montada não terá como sair com a pessoa em cima dela. Por mais esdrúxulo que isso pareça não é difícil encontrar situações assim que se repetem também em canais de ar e porões. 


 


Não é difícil imaginar que se não há nem mesmo como acessar os locais com equipamentos básicos, não há planejamentos para minimização. 


 


Falemos então de algo mais simples e que consta com muita clareza em nossa legislação: primeiros socorros. Nos países desenvolvidos crianças sabem prestar primeiros socorros. Por aqui, raramente encontramos alguém que realmente entenda do assunto. Certa vez propusemos que dentro dos ônibus das empresas tivéssemos brigadas de trajeto. Quem é do ramo sabe a importância da rapidez e da forma correta dos primeiros socorros. No mais trata-se do tipo de treinamento dos mais simples possíveis. Faltam mesmo um pouco de boa vontade. Muitas das tragédias que acompanhamos por toda a parte poderiam ser minimizadas se na comunidade as pessoas soubessem como proceder. Dentro das empresas a realidade não é diferente. Quando ocorre o acidente, além de ninguém saber o que deve fazer – por falta de planejamento – menos ainda as pessoas sabem como fazer – por falta de treinamento e muitas destas situações ocorrem em locais distantes dos centros de socorro e com certeza contribuem em muito para o agrava das lesões e possíveis seqüelas. 


 


E por ai segue esta ordem de coisas . Pânico e desconhecimento e quase que tudo que as pessoas encontram nos momentos difíceis. Isso vai das empresas aos locais de grande concentração popular. Quantos nos que freqüentamos os shopping já fomos informados de como proceder em caso de explosão como houve em Osasco? Quando ouvimos falar em um exercício que seja de plano emergência num shopping ou grande cidade? 


 


Com exceção as indústrias químicas, não conheço muitos casos de preparo para acidentes ou grandes incidentes. Quando visito empresas e uma pergunta que costumo fazer as pessoas O – como sairíamos daqui se algo ocorresse? Quase ninguém sabe. 


 


Atenção especial deveriam ser dadas a certos tipos de operação. Num dia destes fazendo uma auditoria em uma grande empresa perguntei ao Chefe do Ambulatório Médico como tiraria as pessoas de lá de dentro num caso de emergência. Não havia um plano. A mesma atenção deve ser dada aos casos pontuais, empregados que trabalham em operações que gerem risco de incêndio devem estar treinados para lidar com situações adversas – conheço diversos casos de operários que tendo as vestes em chama saíram correndo em busca de socorro e morreram assim quando se tivessem orientação para abafarem as chamas ao invés de expo-las ao oxigênio poderiam Ter ferimentos mais estariam vivos. Importante também que os operários das áreas periféricas saibam o que, como e quando fazer. Isso também é prevenção! 


 


Era sobre isso que gostaríamos de falar: em muitos programas de segurança falta ainda a fatia do minimizar as conseqüências. Não devemos desprezar o pós acidente, o pós contanto mas antes enxergar nele a possibilidade de estarmos agindo em prol do acidentando e da empresa. Gerenciando a realidade e as possibilidades com certeza minimizaremos as consequencias. 


 


 


 Fonte: www.areaseg.com . Cosmo Palasio de Moraes Jr.  Postado em agosto de 2008 por Ricardo Toscano Cirurgião-Dentista especialista em Odontologia do Trabalho


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Quem sou eu

Joinville, Santa Catarina, Brazil
Por Ricardo Toscano, Cirurgião-Dentista graduado pela Unifal, especialista em odontologia do trabalho pela UFSC, mestre em odontologia area de concentraçao em implantodontia cirurgica/protetica pelo Instituto latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontologico,reabilitador oral clinico. Responsável técnico pelo Instituto Odontologico Toscano. Notícias,ferramentas e artigos na área de Reabilitação Oral com ênfase na interdisciplinaridade e multidisciplinaridade.