terça-feira, 14 de outubro de 2008

Saude e trabalho na industria quimica : um estudo da qualidade de vida de trabalhadores aposentados

Autor(es): Leticia de Las Mercedes Marin Leon


Resumo: No Brasil, especialmente a partir de 1990, com a abertura ao comércio exterior, a indústria se reestrutura em decorrência das mudanças econômicas e tecnológicas do mundo globalizado. Interessados em conhecer o perfil dos trabalhadores que têm sobrevivido a estas mudanças na indústria química, entrevistaram-se trabalhadores e ex-trabalhadores do setor de produção, do sexo masculino, adultos maduros, com o objetivo de descrever a relação das condições de vida e trabalho com a condição de saúde. Realizou-se um estudo descritivo exploratório com 189 trabalhadores que tinham se aposentado entre janeiro de 1995 e dezembro de 1997 de uma indústria multinacional de grande porte, da região sudeste. Para apreender a dimensão individual e coletiva das condições de saúde e trabalho, mediante entrevista, aplicou-se um questionário com perguntas fechadas e abertas. A entrevista estimulou os trabalhadores a emitir suas opiniões sobre diversos aspectos da qualidade de vida, especialmente sobre a saúde e as condições de trabalho. O processo de rememoração permitiu que aflorassem fatos e vivências. Este processo também levou a avaliar o presente por comparação com o passado. A mediana da idade dos entrevistados foi de 44 anos (37 a 59); 92% eram casados e 63% tinham família com até dois filhos. Sua escolaridade é superior a dos grupos socioeconômicos B e C de um município de grande porte da região; 38,6% tinham colegial completo. A parcela central dos entrevistados recebia ao aposentar um salário entre R$1.200 e R$2.200. A permanência no emprego nesta empresa foi longa (mediana de 20 anos), a maioria desempenhou funções qualificadas (72%) e trabalhou em regime de turnos alternados (74%). Além da análise descritiva do perfil dos entrevistados em seu conjunto, organizada pelas grandes áreas abordadas pelo questionário, realizou-se uma abordagem do tipo "caso controle" para observar em que se diferenciavam os que saíram da empresa, denominados casos (N=45), dos que continuaram trabalhando, denominados controles (N=144). Os casos corresponderam a 70,3% dos aposentados que saíram. Neste grupo não foi possível entrevistar 14,1%, porque não moravam mais na cidade ou região e 14,1% que tinham mudado de endereço; houve apenas uma recusa. Os controles corresponderam a 97,3% do universo de trabalhadores aposentados vinculados à produção e ainda na ativa. Para esta análise, as variáveis foram recategorizadas em positivas e negativas e a distribuição nestas categorias de casos e controles foi comparada mediante cálculo de Odds Ratio. As características significativamente mais freqüentes entre os casos foram: o estilo de vida (tabagismo e antecedente de consumo excessivo de álcool); alguns estados patológicos (doença crônica por mais de três anos, bronquite crônica e sintomatologia dolorosa); uma variável de relacionamento social (rede de amizades insuficiente); certas condições de trabalho (função não qualificada, não ter atingido função máxima para a escolaridade possuída, antecedente de realização de hora extra habitual por mais de cinco anos, exposição a três ou mais tipos de agentes fisicos ou químicos, exposição à poeira no ambiente de trabalho por mais de 18 anos). Certas mudanças nas condições de trabalho dos últimos cinco anos também foram significativamente mais freqüentes entre os casos: aumento de atividade ou mudança de tarefas; aumento de produção na unidade e não ter recebido aumento salarial. Finalmente, mostraram-se associadas variáveis de saúde mental e trabalho: não descrever o trabalho como variado, nem como muito interessante, apresentar nervosismo no trabalho e insatisfação. Integraram o modelo [mal da Análise de Regressão Logística Múltipla: insatisfação no trabalho, antecedente de consumo excessivo de álcool, antecedente de jornada com hora extra por cinco anos ou mais, pertencer a setor com aumento de volume de trabalho nos últimos anos, ausência de amigos, ser portador de doença crônica por três anos ou mais e bronquite crônica. Na dimensão qualitativa observou-se desconforto de ser jovem e estar aposentado, medo ao desemprego e uma gama de emoções em relação às mudanças no mundo do trabalho, que vão do prazer ao sofrimento. Destaca-se que mesmo se tratando de uma elite de trabalhadores, tanto pela sua qualificação como pela estabilidade no emprego, o que representa ter sobrevivido a inúmeras seleções, observamse sinais fisicos e emocionais de sofrimento no trabalho, que podem relacionar-se em parte às maiores exigências das mudanças tecnológicas e especialmente das organizacionais

Fonte : http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000259962

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Quem sou eu

Joinville, Santa Catarina, Brazil
Por Ricardo Toscano, Cirurgião-Dentista graduado pela Unifal, especialista em odontologia do trabalho pela UFSC, mestre em odontologia area de concentraçao em implantodontia cirurgica/protetica pelo Instituto latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontologico,reabilitador oral clinico. Responsável técnico pelo Instituto Odontologico Toscano. Notícias,ferramentas e artigos na área de Reabilitação Oral com ênfase na interdisciplinaridade e multidisciplinaridade.